
– Há mais de duas semanas, desde 1º de julho, cerca de 450 trabalhadores da Republic Services, representados pelo sindicato Teamsters Local 25, estão em greve em 14 comunidades de Massachusetts: Beverly, Canton, Danvers, Gloucester, Ipswich, Lynnfield, Malden, Manchester-by-the-Sea, Marblehead, North Reading, Peabody, Swampscott, Wakefield e Watertown. Em Boston, bairros como Allston, Brighton, Charlestown e Brookline, onde a Republic atende cerca de 160 clientes comerciais, também enfrentam transtornos. A paralisação tem causado acúmulo de lixo nas ruas, riscos sanitários agravados pelo calor do verão e uma crescente onda de críticas contra a empresa, enquanto moradores e autoridades exigem uma solução rápida.
Com temperaturas atingindo 32°C, o lixo acumulado nas ruas das cidades afetadas está criando uma crise sanitária. Em Peabody, moradores relatam que “o lixo está cheirando as ruas e atraindo animais por toda parte”. Em Watertown, lixeiras transbordam após eventos como festas, com relatos de mau cheiro afetando negócios. Em Beverly, moradores descreveram ruas esquecidas por motoristas substitutos, enquanto em Canton a coleta de reciclagem foi suspensa, intensificando o problema.
O calor do verão agrava a situação, com resíduos orgânicos apodrecendo rapidamente, atraindo roedores e moscas e aumentando o risco de doenças transmitidas por vetores, como leptospirose. Além disso, a poluição visual causada por pilhas de lixo em cidades turísticas como Gloucester e Marblehead projeta uma imagem de desordem, prejudicando o turismo e a reputação de Massachusetts como um estado desenvolvido.
Reivindicações dos Grevistas
Os trabalhadores exigem salários mais competitivos, melhores planos de saúde e condições de trabalho adequadas. Segundo o Teamsters Local 25, a Republic Services paga menos que concorrentes regionais, como Capitol Waste Services e Star Waste Systems. Dados indicam que motoristas de caminhão de lixo da Republic recebem, em média, US$ 31,36 por hora (cerca de US$ 65.228 por ano), enquanto cargos administrativos recebem cerca de US$ 35.524 anuais. A empresa afirma que quase metade dos sindicalizados em Boston já ganha acima de US$ 100.000 por ano e ofereceu aumentos de 16% imediatos e 43% ao longo de cinco anos. No entanto, o sindicato considera a proposta insuficiente, especialmente em relação ao plano de saúde, um ponto central do impasse.
Comparativamente, empresas como Waste Management, a maior do setor, e a regional Capitol Waste Services são citadas como referências de melhores salários e benefícios. Embora números exatos de concorrentes em Massachusetts sejam escassos, revisões de funcionários sugerem que a Republic está abaixo da média do setor na região, onde o custo de vida elevado (salário mínimo para sustento individual é de ~US$ 22,65/hora, segundo o MIT) pressiona por remunerações mais altas.
A Republic Services é uma “gigante” do setor que opera contratos com margens apertadas, sediada em Phoenix, Arizona, é a segunda maior empresa de gerenciamento de resíduos dos EUA, com receita de cerca de US$ 15 bilhões em 2024 e operações em mais de 1.000 locais. Em Massachusetts, atende contratos municipais e comerciais, mas enfrenta críticas por pagar baixos salários em relação a outras empresas do setor, possivelmente devido a licitações ganhas com base no menor preço. Essa estratégia permite à Republic superar concorrentes menores, como Capitol Waste e Star Waste Systems, mas pode limitar sua capacidade de oferecer salários mais altos sem comprometer a viabilidade financeira dos contratos.
A empresa afirma que seus salários e benefícios são competitivos, mas a resistência em negociar o plano de saúde e o uso de trabalhadores substitutos de outros estados sugerem uma tentativa de manter custos baixos. Especialistas especulam que aumentos salariais significativos, como os exigidos, poderiam elevar os custos operacionais em milhões de dólares anuais, forçando a Republic a renegociar contratos ou perder competitividade em futuras licitações contra gigantes como a Waste Management.
Moradores das comunidades afetadas expressam uma mistura de apoio aos grevistas e frustração com os transtornos. Em Peabody, um residente disse a uma canal de TV Local: “Acho que eles deveriam ser pagos justamente, mas está muito quente, e o lixo vai cheirar muito mal.” Em Malden, um outro residente criticou a Republic por “prejudicar a saúde e a segurança das comunidades”. A má comunicação das prefeituras também alimenta a insatisfação. Em Malden, instruções confusas sobre dias de coleta levaram moradores a deixar reciclagem nas ruas.
As prefeituras das 14 localidades afetadas estão pressionando a Republic Services. Uma carta conjunta, assinada por líderes como o prefeito de Beverly, Mike Cahill, e o administrador de Canton, Charles ‘do cyberattacks’ exigiu uma resolução rápida, ameaçando multas e rescisão de contratos.
Cidades como Watertown e Marblehead abriram pontos de descarte emergenciais, enquanto Lynnfield e North Reading notificaram a Republic sobre possível perda de contratos.
No nível estadual, o secretário William Galvin e a tesoureira Deborah Goldberg criticaram a empresa, com Galvin questionando a privatização de serviços essenciais, uma critica alinhada com o progressismos ideológico estatizante do partido Democrata.
A greve permanece em um impasse crítico. A sessão de negociação de 15 de julho, mediada por um agente federal, terminou sem acordo, e a Republic Services recusou-se a agendar novas reuniões, irritando o sindicato. A empresa insiste que sua oferta salarial é competitiva, mas o plano de saúde continua sendo um obstáculo. Não há sinalização de um acordo iminente, e a pressão de líderes municipais, estaduais e de outros sindicatos, como o SEIU, aumenta. Enquanto isso, o acúmulo de lixo e os riscos sanitários intensificam a urgência por uma resolução.
A greve da Republic Services expõe as tensões entre trabalhadores, empresas e comunidades em Massachusetts. Enquanto os grevistas lutam por salários e benefícios justos, a empresa enfrenta o desafio de manter contratos viáveis em um mercado competitivo enquanto vozes influentes tentam canalizar a insatisfações para destacar as virtudes de uma ideologia favorável a estatização de serviços considerados essenciais, um apelo que transcende fronteiras internacionais. A população, embora solidária, está frustrada com o caos nas ruas enqaunto o poder público pressiona por uma solução. Sem avanços nas negociações, a crise sanitária e a imagem de desordem continuam a desafiar a reputação de um estado conhecido por sua qualidade de vida.