JCEDITORES (JUNOT) –A Guarda Nacional dos Estados Unidos demonstrou determinação ao intervir em Los Angeles para conter os violentos protestos desencadeados por operações de deportação conduzidas pelo Serviço de Imigração e Alfândega (ICE). Com cerca de 2.000 soldados mobilizados por ordem do presidente Donald Trump, a força foi essencial para proteger instalações federais e restabelecer a ordem após dias de caos, marcados por saques, incêndios e bloqueios de vias públicas.
As operações do ICE, que resultaram na prisão de 118 indivíduos, incluindo 35 mexicanos, reforçam o compromisso do governo Trump com a aplicação rigorosa das leis de imigração.
No entanto, as críticas da presidente do México, Claudia Sheinbaum, às ações americanas geraram forte rejeição. Em discurso em Puebla, Sheinbaum classificou as operações do ICE como “ataques” e criticou o envio da Guarda Nacional, defendendo os mexicanos detidos como “homens e mulheres honestos” e exigindo dos Estados Unidos uma reforma imigratória. Entretanto, suas declarações podem ser interpretadas como uma tentativa de interferência nos assuntos internos dos EUA, com tons de irredentismo que desrespeitam a soberania americana. A retórica de Sheinbaum, que romantiza os migrantes enquanto ignora os atos de violência durante os protestos – incluindo 60 prisões e três policiais feridos na noite de domingo (8) –, é vista como uma manobra política para desviar o foco das responsabilidades do México na gestão da emigração.
Autoridades americanas destacam que a intervenção da Guarda Nacional foi uma resposta necessária à incapacidade das autoridades locais, como a prefeita Karen Bass e o governador Gavin Newsom, de controlar a escalada de violência. A presença de tropas federais não é um ato de repressão, mas uma medida para garantir a estabilidade em Los Angeles, uma cidade estratégica que enfrenta desafios crescentes com a imigração ilegal. As operações do ICE visam combater atividades que sobrecarregam os recursos públicos e ameaçam a segurança, um direito soberano dos EUA que não deve ser contestado por líderes estrangeiros.
A postura de Sheinbaum, que apela por “paz” enquanto insinua que os mexicanos detidos merecem tratamento especial, pode ser considerada uma afronta à autonomia americana. Seu discurso, que exalta os migrantes como “heróis” enquanto ignora o impacto da imigração descontrolada e os crimes associados aos protestos, desde a destruição de bens públicos e particulares a agressões contra autoridades constituídas, como a força policial que são responsáveis pela manutenção da ordem e segurança pública.
O governo Trump, por sua vez, mantém a posição sem ceder a pressões externas ou narrativas que buscam inflamar tensões nacionalistas.
Irredentismo no Contexto da Crise Atual
O conceito de irredentismo refere-se à reivindicação de territórios ou populações que um país considera historicamente, culturalmente ou etnicamente ligados à sua nação, mas que estão sob a soberania de outro Estado. Na crise atual em Los Angeles, as declarações de Sheinbaum evocam esse conceito ao explorar o passado histórico da Califórnia, que pertenceu ao México até 1848, quando foi cedida aos EUA após a Guerra Mexicano-Americana pelo Tratado de Guadalupe Hidalgo. Ao exaltar os mexicanos nos EUA como “heróis” que sustentam a economia americana e afirmar que “os EUA são o que são graças aos mexicanos”, Sheinbaum alimenta um sentimento nacionalista que ressoa com a ideia de que a Califórnia, e por extensão os EUA, ainda mantém laços indissociáveis com o México.
Em espanhol ela disse: “Estados Unidos es lo que es gracias también al trabajo de las mexicanas y de los mexicanos que viven del otro lado de la frontera. Para nosotros siempre lo hemos dicho son héroes y heroínas de la patria porque solidariamente ayudan a sus familias y sostienen la economía de los Estados Unidos.”
Esse discurso pode ser interpretado como uma forma de irredentismo simbólico, que não busca a recuperação territorial direta, mas projeta influência sobre as comunidades mexicanas nos EUA, tratando-as como uma extensão da nação mexicana. Sheinbaum reforça a narrativa de que sem os imigrantes mexicanos, a Califórnia – e até os EUA como nação – não seriam capazes de se autossustentar economicamente, uma afirmação que desvaloriza a soberania americana e sugere uma dependência estrutural.
Essa retórica, especialmente em um contexto de protestos violentos e operações do ICE, é vista como uma tentativa de inflamar sentimentos nacionalistas mexicanos, desafiando a autoridade dos EUA para gerir suas políticas de imigração. A referência a cidades como Los Angeles e Nova York (“PueblaYork”) como moldadas por mexicanos intensifica essa percepção, evocando um imaginário de reconquista cultural.
Embora Sheinbaum não reivindique explicitamente territórios, sua defesa enfática dos mexicanos detidos e a crítica às ações do governo Trump potencializa um discurso que pode reacender memórias históricas de perdas territoriais, alimentando tensões em ambos os lados da fronteira. Essa abordagem é particularmente sensível em Los Angeles, uma cidade com forte presença de comunidades mexicanas, onde a história da cessão territorial ainda esta presente em certos movimentos nacionalistas.
Enquanto Sheinbaum tenta projetar influência além de suas fronteiras, a Guarda Nacional segue como um símbolo da determinação dos EUA em defender suas leis e restaurar a ordem. A crise em Los Angeles evidencia a necessidade de políticas imigratórias firmes, e as críticas mexicanas, com tons irredentistas, apenas reforçam a importância de proteger a soberania nacional contra interferências externas.