JSNEWS – Alexander Taylor Valdez, de 23 anos, residente de Fort Worth, Texas, enfrenta acusações de homicídio doloso após, segundo a polícia local, matar sua mãe em um alegado ritual de exorcismo. O caso, marcado por violência extrema e elementos ritualísticos, chocou a comunidade local e levanta questões sobre a interseção entre crenças religiosas extremas e atos criminosos.
De acordo com a imprensa local citando fontes policiais, na madrugada de 18 de abril, a Polícia de Fort Worth foi acionada para atender uma ocorrência numa residência no condado de Tarrant após receber uma denúncia anônima ao serviço de emergência 911. O denunciante informou ter recebido, via Snapchat, uma imagem perturbadora que mostrava “uma mulher no chão, coberta por uma substância vermelha, possivelmente sangue”, conforme registrado pelos policiais no boletim de ocorrencia.
Ao chegar ao local, os agentes da lei encontraram Valdez segurando o que aparentava ser uma Bíblia e com vestígios de sangue em seu corpo. Segundo o relatório policial, Valdez declarou espontaneamente: “Foi um exorcismo”, enquanto saía da residência e se sentava em uma cadeira na varanda. Interrogado sobre o sangue em suas roupas, ele teria respondido: “Estava praticando bruxaria para matar minha mãe”, acrescentando: “Há um corpo lá dentro, é minha mãe”.
Uma inspeção na residência revelou, no quarto principal, o corpo de uma mulher com evidentes sinais de trauma no rosto e na parte superior do tronco, além de sangue espalhado o chão e nas paredes. No mesmo cômodo, os policiais encontraram um cachorro morto.
A vítima, identificada como Teresita Sayson, de 58 anos, mãe de Valdez, foi declarada morta ainda naquela noite, a polícia concluiu que ela sofreu múltiplos golpes com um objeto contundente.
Durante a investigação, os agentes localizaram uma caixa de joias quebrada no quarto, contendo sangue e cabelos compatíveis com os da vítima, sugerindo seu uso como instrumento do crime. Amigos de Valdez presentes no local confirmaram que uma imagem do corpo havia sido compartilhada em um grupo de mensagens, o que motivou a denúncia inicial.
Valdez foi detido e recusou-se a responder perguntas, solicitando a presença de um advogado. Ele permanece sob custódia no Centro Correcional Lon Evans, com fiança estipulada em 750 mil dólares, segundo registros policiais do condado de Tarrant.
O caso de Valdez destaca-se pela alegação de um “exorcismo” como motivação para o crime, um elemento que, embora raro, não é inédito. A polícia ainda investiga se Valdez agiu sob influência de crenças religiosas extremas, transtornos psicológicos ou outros fatores. A presença de uma Bíblia e as referências a “bruxaria” e “exorcismo” sugerem uma possível distorção de práticas espirituais, transformadas em violência letal.
Casos similares
Embora raros, incidentes envolvendo mortes associadas a supostos rituais de exorcismo já foram registrados, especialmente em contextos onde crenças religiosas ou espirituais são interpretadas de maneira extremista. Exemplos notórios incluem:
- Caso de Anneliese Michel (Alemanha, 1976): Anneliese, uma jovem de 23 anos, morreu de desnutrição e desidratação após meses de rituais de exorcismo conduzidos por padres e seus pais, que acreditavam que ela estava possuída. Os responsáveis foram condenados por homicídio culposo. O caso inspirou o filme O Exorcismo de Emily Rose e gerou debates sobre a linha entre prática religiosa e negligência criminal.
- Caso de Janet Moses (Nova Zelândia, 2007): Janet, de 22 anos, morreu afogada durante um ritual de exorcismo realizado por familiares, que acreditavam que ela estava sob influência de uma maldição maori. Os parentes foram condenados por homicídio culposo, e o caso expôs tensões culturais envolvendo crenças espirituais tradicionais.
- Caso de Latisha Lawson (EUA, Indiana, 2011): Latisha foi condenada por matar seu filho de 2 anos durante um ritual que, segundo ela, visava “expulsar demônios”. Ela e outros membros de um grupo religioso forçaram a criança a ingerir uma mistura tóxica, resultando em sua morte. O caso chocou pela violência contra uma criança em nome de crenças religiosas.
- Caso de Vilma Trujillo (Nicarágua, 2017): Vilma, de 25 anos, foi queimada viva por membros de uma comunidade religiosa que acreditavam estar realizando um exorcismo para “curá-la” de possessão. Os responsáveis foram presos, e o incidente gerou indignação internacional.
Esses casos, embora distintos em contexto cultural e geográfico, compartilham semelhanças com o incidente de Valdez: a crença em forças sobrenaturais como justificativa para atos violentos, frequentemente resultando em tragédias. No caso de Valdez, a menção a “bruxaria” e “exorcismo” sugere uma possível confusão de práticas espirituais ou um estado mental alterado, mas as autoridades ainda não divulgaram informações sobre sua saúde mental ou motivações específicas.