
Boston, 29 de Julho de 2025 – Parece inacreditável que um imigrante indocumentado tenha patrulhado as ruas de Old Orchard Beach, no Maine, como policial reserva, mas foi exatamente o que aconteceu com Jon Luke Evans, um jamaicano de 38 anos. Com sua situação migratória irregular, ele foi descoberto e preso por agentes do ICE Boston e pelo ATF em 21 de julho em Biddeford, quando tentou comprar uma arma de fogo, o que revelou sua situação irregular. Ele entrou legalmente nos EUA em 24 de setembro de 2023, mas permaneceu após o vencimento de seu visto.
Contratado em maio de 2025, passou pelo sistema E-Verify, que, pasmem, aprovou seu trabalho até 2030. “Soa trágico que um departamento de polícia arme um imigrante ilegal”, disse Patricia Hyde, da ICE, com indignação contida.
A chefe de polícia Elise Chard, afirmou ter seguido os protocolos do DHS, mas só soube da prisão por um comunicado oficial. O deslize de Evans — a tentativa de comprar uma arma — acionou o ATF, encerrando sua farsa.
Esse não é um caso isolado. Em abril de 2025, Gratien Milandou Wamba, do Congo, trabalhou como agente penitenciário em Scarborough, Maine, sob o mesmo sistema falho. Wamba, também indocumentado, foi preso após tentar comprar uma arma, alertando o ATF. O E-Verify, mais uma vez, deixou passar, permitindo que um imigrante irregular vigiasse prisioneiros.
Como alguém com tal status consegue um cargo desses, passando despercebido por meses?
Ainda em Julho deste ano, Truong Nguyen, vietnamita de 50 anos, é um outro caso ainda mais espantoso, ele fazia parte do corpo de bombeiro de Melrose, Massachusetts, usando a identidade de um adolescente falecido em 2002. Por seis anos, Nguyen obteve carteiras de motorista, certificações de paramédico e formou-se na Academia de Bombeiros, enganando até o reconhecimento facial do RMV. Essa fraude só foi descoberta em 2023, ao tentar tirar um passaporte o Departamento de Estado encontrou o registro de óbito. Condenado a 25 meses de prisão, Nguyen, que já tinha um passado criminal, expôs a fragilidade de um sistema que confia em papéis.
Por fim, o brasileiro Ricardo Cesar Guedes leva a audácia a outro patamar. É inacreditável que, por 23 anos, ele tenha vivido como William Ericson Ladd, uma criança morta em 1979, trabalhando como comissário de bordo da United Airlines. Guedes obteve passaportes, comprou uma casa e até apareceu na imprensa em 2012 como o primeiro a comprar um iPad em Nova York. Sua farsa ruiu em 2020, ao tentar renovar o passaporte com o sobrenome do marido, alertando o Departamento de Estado. Ele foi condenado em 2022 a sete meses de prisão.
É inacreditável que essas fraudes tenham passado despercebidas por tanto tempo, revelando falhas gritantes no E-Verify e na verificação de antecedentes. A cooperação entre ICE, ATF e Departamento de Estado só funcionou porque os fraudadores cometeram erros: tentativas de comprar armas ou renovar passaportes os entregaram. Enquanto isso, o sistema confiou cegamente em documentos frágeis. Se não fossem esses deslizes, eles poderiam ter continuado suas vidas sem problemas, mas essas falhas expõem a fragilidade dos sistemas que sustentam a segurança dos Estados Unidos. Em tempos de debates sobre “certidões de nascimento”, essas fraudes nos fazem perguntar: o que mais o sistema deixou passar? Talvez um presidente indocumentado, por que não?