JSNEWS – O Brasileiro Samarone Alves Ferreira-De Souza, pai de um bebê de 4 meses e companheira de Augusta Clara Moura foi deportado para Fortaleza, Brasil, após o ICE (Serviço de Imigração e Alfândega) assinar um documento de deportação em seu nome sem seu consentimento, segundo o advogado Andrew George Lattarulo, da Georges Cote Law, em Chelsea.
Samarone foi preso em 7 de maio em Worcester, Massachusetts, após buzinar para um carro não identificado com agentes do ICE enquanto ia trabalhar, enviado para o centro de detenção na Louisiana, ele foi deportado para o Brasil em 25 de maio.
Clara Moura planeja se reunir com ele no Brasil em 6 de junho, levando o filho pequeno. “Ela está muito triste”, disse Lattarulo ao MassLive. O drama começou quando ICE prendeu Samarone e, no dia seguinte, deteve sua sogra, Rosane Ferreira-De Oliveira, de 40 anos, diante de Clara e suas irmãs. A família foi despedaçada em dois dias.
Direitos violados
Lattarulo afirma que o ICE negou a Samarone o devido processo legal. Durante uma ligação de seu cliente já no Brasil, ele soube que agentes do ICE pediram que assinasse um formulário de deportação. Ele recusou, mas foi informado: “Já assinamos por você. Você vai voltar”. O advogado não recebeu cópia do documento e denuncia: “O ICE está deportando pessoas sem audiências de imigração, violando direitos.”
Samarone, exausto da situação, optou por não contestar a deportação judicialmente. Enquanto isso, Clara Moura enfrenta a dor de deixar suas duas irmãs, agora sob custódia do Departamento de Crianças e Famílias de Massachusetts, já que sua mãe segue detida no Wyatt Detention Center, em Rhode Island.
Prisão caótica
No dia 8 de maio, o ICE foi à casa de Clara Moura, exigindo que ela devolvesse o carro de seu companheiro e assinasse papéis de imigração. Ao sair com o bebê e sua irmã de 17 anos, Clara foi parada e quase presa. Vizinhos protestaram quando agentes tentaram tirar o bebê dela, mas a situação escalou com a chegada de sua mãe, Rosane, que foi detida na frente de uma multidão de mais de 30 pessoas na Eureka Street. Gritos de “não levem a mãe” ecoaram enquanto Rosane era colocada em um SUV.
A irmã adolescente de Clara tentou intervir e foi presa, acusada de conduta desordeira e resistência. Imagens de câmeras corporais da polícia de Worcester, divulgadas em 16 de maio, mostram o tumulto. A polícia pediu o arquivamento das acusações contra a jovem, mas o chefe Paul Saucier reforçou que interferir com agentes “não é aceitável”.
ICE intensifica operações
O caso de Samarone Ferreira-De Souza não é isolado. Nos últimos meses, após a posse de Donald Trump, o ICE aumentou sua presença em Massachusetts. Em 27 de maio, 40 pessoas foram detidas em Nantucket e Martha’s Vineyard.
Em 31 de maio, um estudante de 18 anos de Milford foi preso a caminho do treino de vôlei, gerando protestos. A governadora Maura Healey exigiu explicações do ICE, denunciando a falta de transparência.
A família de Clara Moura, agora dividida entre dois países, simboliza o impacto devastador dessas ações.