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O Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE) planeja destinar mais de US$ 300 milhões a tecnologias avançadas de vigilância, em meio à intensificação da política de deportações em massa promovida pela administração Trump.
Registros federais de contratação, analisados por veículos de imprensa americanos, indicam que esses recursos financiam ferramentas como monitoramento de redes sociais, software de reconhecimento facial, leitores de placas de veículos e serviços de rastreamento de localização. Trata-se de uma das maiores expansões recentes da capacidade digital de vigilância da agência, destinada a identificar e localizar imigrantes em situação irregular.
Enquanto o ICE reforça esses sistemas para cumprir metas de remoção, organizações de defesa de direitos civis alertam para o risco de que cidadãos americanos e residentes legais sejam inadvertidamente afetados, ampliando o escopo da vigilância doméstica de forma significativa.
Essa iniciativa integra a estratégia da Casa Branca para endurecer a aplicação das leis migratórias, o que, segundo críticos, contribui para normalizar instrumentos intrusivos e enfraquecer salvaguardas históricas à privacidade.
Contratos principais
Entre os acordos destacados nos documentos estão:
- Um contrato com a Palantir Technologies, no valor superior a US$ 139 milhões (com potencial para mais), para operar o sistema de Gestão de Casos de Investigação do ICE, vigente desde 2022 e possivelmente estendido até 2026.
- Um acordo com a Clearview AI, iniciado em setembro de 2025, por US$ 3,75 milhões iniciais, com potencial para alcançar cerca de US$ 9,2 milhões até 2027, fornecendo software de reconhecimento facial para investigações de Segurança Nacional.
O Departamento de Segurança Interna (DHS) afirma que todas as tecnologias empregadas seguem políticas internas de privacidade e supervisão, embora evite comentar fornecedores específicos.
Adicionalmente, o ICE expande o uso de aplicativos biométricos móveis, como o Mobile Fortify, que permitem a agentes capturar impressões digitais e imagens faciais em campo, acessando bancos de dados governamentais para identificações em espaços públicos.
Desde 1974, a Lei de Privacidade impede a criação de bancos de dados centralizados de informações pessoais pelo governo federal. No entanto, o ICE celebrou amplos convênios de intercâmbio com agências como a Administração da Seguridade Social (até 50 mil registros mensais autorizados) e o IRS (mais de um milhão de arquivos solicitados em poucos meses), amparados em ordens executivas.
Críticas de especialistas
Jay Stanley, analista sênior da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), advertiu que o reconhecimento facial transformou-se em instrumento de operações amplas, marcado por invasões sistemáticas à privacidade, erros frequentes e disparidades raciais que impactam desproporcionalmente minorias.
Essas aquisições ocorrem em paralelo a ajustes que reduzem barreiras ao uso de dados civis, suscitando preocupações sobre uma expansão da vigilância além do âmbito migratório.
Fontes:
– Politico (26/12/2025): “ICE’s interest in high-tech gear raises new questions”.
– Newsweek (26/12/2025): “ICE To Get New Technology To Track Illegal Migrants”.
– Biometric Update e 404 Media (2025): Detalhes sobre contratos com Clearview AI e ferramentas biométricas.
– WIRED (diversos artigos, 2025): Informações sobre Palantir e expansões de vigilância.
– Declarações da ACLU (Jay Stanley, 2025).


