Washington, 16 de dezembro de 2025 – A deputada democrata Ilhan Omar, representante Democrata por Minnesota, classificou como “doentes” os republicanos que insistem em investigar alegações de que ela teria se casado com o próprio irmão para fins de imigração fraudulenta. A declaração veio em resposta direta a uma abordagem da imprensa no Capitólio, após o czar de fronteiras do governo Trump, Tom Homan, sinalizar que autoridades federais estão revisando documentos relacionados ao caso.
Questionada pela Fox News Digital sobre as declarações de Homan e possíveis descobertas, Omar foi categórica: “Não tenho resposta porque não sei o que eles vão investigar”. Ao ser indagada se acreditava que algo seria encontrado, respondeu: “Absolutamente não”. Por fim, ao ouvir a pergunta sobre os motivos para a recorrência do tema, exclamou: “Porque eles são doentes!”, antes de entrar em um elevador.
As alegações contra Omar remontam a anos, surgidas durante sua campanha inicial para a legislatura estadual de Minnesota em 2016. Elas giram em torno de seu casamento civil com Ahmed Nur Said Elmi, um cidadão britânico, entre 2009 e 2017. Críticos alegam que Elmi seria seu irmão biológico e que a união teria sido arranjada para facilitar benefícios imigratórios nos Estados Unidos. Omar sempre negou veementemente as acusações, chamando-as de infundadas, absurdas e motivadas por preconceito.
Omar nasceu na Somália em 1982, fugiu da guerra civil com a família aos 8 anos e viveu em um campo de refugiados no Quênia por quatro anos. Chegou aos EUA em 1995, obtendo asilo, e naturalizou-se cidadã americana em 2000, aos 17 anos. Em 2002, celebrou um casamento religioso com Ahmed Abdisalan Hirsi, com quem teve filhos, mantendo essa união mesmo durante o casamento legal com Elmi. Separou-se de Elmi em 2011, divorciando-se formalmente em 2017, e casou-se legalmente com Hirsi em 2018. Em 2020, uniu-se ao consultor político Tim Mynett.
O tema ganhou novo fôlego com o retorno de Donald Trump à Presidência. Recentemente, Trump reviveu as alegações em discursos e entrevistas, afirmando que Omar “casou com o irmão para entrar no país”. Tom Homan, em aparições na mídia conservadora, confirmou que o Departamento de Segurança Interna (DHS) está revisando arquivos e registros relacionados ao caso, alegando que um investigador experiente concluiu haver “indícios de fraude imigratória”. Homan, no entanto, mencionou que o prazo de prescrição para processos criminais pode ter expirado.
O senador republicano Ted Cruz, do Texas, argumentou que, se comprovadas, as alegações poderiam configurar violações graves: fraude matrimonial federal (punível com até cinco anos de prisão, multa de US$ 250 mil e deportação), incesto segundo a lei estadual de Minnesota (até 10 anos de prisão) e possível fraude fiscal em declarações conjuntas.
Apesar da repercussão em veículos conservadores, verificações independentes de fatos – incluindo análises de documentos familiares de entrada nos EUA em 1995 e ausência de provas de DNA ou registros confirmando parentesco – classificam as alegações como não comprovadas. Omar tem atribuído a persistência do tema a motivações políticas e xenófobas.
O caso se insere em um contexto mais amplo de escrutínio sobre a comunidade somali em Minnesota, incluindo investigações sobre fraudes em programas sociais. Autoridades federais afirmam estar revisando vistos e processos imigratórios na região, mas não há indícios de acusações formais contra Omar até o momento.
A controvérsia destaca as tensões partidárias em torno de imigração e identidade cultural no Congresso americano, com Omar – uma das primeiras mulheres muçulmanas eleitas para o Legislativo federal – frequentemente no centro de debates polarizados. As investigações prosseguem, e eventuais desdobramentos dependerão dos resultados das revisões em curso.


