JSNEWS – El Paso, Texas: A detenção de Catalina “Xochitl” Santiago, beneficiária do programa Deferred Action for Childhood Arrivals (DACA), tem causado alarme entre ativistas e defensores dos direitos dos imigrantes nos Estados Unidos. No dia 3 de agosto, Santiago, de 28 anos, foi abordada por agentes da Patrulha de Fronteira no aeroporto de El Paso, no Texas, após passar pela linha de segurança, e levada a um centro de detenção de imigrantes. Quase um mês após o ocorrido, nem ela nem sua família receberam explicações claras sobre os motivos de sua detenção.
Santiago, que chegou aos Estados Unidos aos oito anos de idade, é legalmente autorizada a viver e trabalhar no país por meio do DACA, programa instituído na era Obama que oferece proteção temporária contra deportação a jovens imigrantes trazidos ao país ainda crianças, conhecidos como “Dreamers”.
“Não há base legal para sua detenção, sua manutenção sob custódia ou a tentativa de deportá-la”, afirmou Desiree Miller, esposa de Santiago, destacando a falta de respostas por parte das autoridades de imigração. O caso de Santiago não é isolado. Outros beneficiários do DACA, como Javier Diaz Santana, que é surdo e mudo, e Jose Valdovinos, também foram detidos recentemente em circunstâncias que levantam preocupações sobre a segurança jurídica dos cerca de 525 mil Dreamers no país.
Apesar de não haver mudanças regulatórias no programa, declarações de autoridades, como a da assistente de imprensa do Departamento de Segurança Interna (DHS), Tricia McLaughlin, sugerem uma postura mais rígida, incluindo a falsa alegação de que o DACA “não confere status legal” e incentivos para que os beneficiários “se autodeportem”.
Detenção e condições adversas
Santiago foi detida quando se dirigia a Austin para participar de uma conferência sobre agricultura familiar e comunitária. Miller, que trabalha com Santiago em uma organização comunitária local e viajou em um voo anterior para o mesmo evento, recebeu um vídeo instável mostrando dois agentes abordando Santiago no aeroporto, exigindo que ela guardasse o celular e os acompanhasse para esclarecimentos sobre seus documentos de trabalho. Após horas sem notícias, Miller soube que Santiago havia sido levada a um centro de detenção.
Nas semanas seguintes, Santiago relatou condições difíceis no centro de detenção, incluindo dificuldades para dormir devido às luzes mantidas acesas durante toda a noite, barulho constante dos guardas, alimentação inadequada e acesso limitado a cuidados médicos. “Posso ouvir o cansaço em sua voz, mas sei que ela tem um espírito forte”, disse José, irmão mais velho de Santiago, também beneficiário do DACA.
Mobilização e incertezas
A detenção de Santiago gerou protestos em cidades como El Paso, Filadélfia, Grand Rapids, Long Island, Boston, Tempe e Seattle, onde ativistas realizaram vigílias em apoio à jovem, que é reconhecida como uma ativa defensora dos direitos dos imigrantes. Nesta quarta-feira, Santiago comparecerá a uma audiência perante um juiz de imigração, que decidirá se ela será libertada ou permanecerá detida.
As autoridades de imigração justificaram a detenção de Santiago com base em acusações de “invasão de propriedade, posse de narcóticos e parafernália de drogas”. No entanto, Miller esclareceu que Santiago não foi condenada por nenhum crime e que seu histórico não impediu a renovação de seu status DACA por sete vezes. “A administração está tentando passar a mensagem de que está deportando criminosos e ‘estrangeiros ilegais’, usando essas palavras para desumanizar pessoas que são membros de famílias”, criticou Miller.
A detenção de Santiago ocorre em um momento de crescente tensão para os beneficiários do DACA, que enfrentam incertezas sobre seu futuro nos Estados Unidos. Miller, cidadã americana, revelou que o casal, que se casou em janeiro, planejava iniciar o processo para que Santiago obtivesse um green card. “É como uma ameaça constante de que podem vir e levar alguém que você ama”, desabafou.
O caso de Santiago destaca a vulnerabilidade dos Dreamers e reforça a urgência de uma solução permanente para sua situação legal, enquanto ativistas continuam a pressionar por justiça e proteção para esses jovens que consideram os Estados Unidos seu lar.
As informações são do The Guardian