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Em um episódio que expõe as fissuras da polarização política nos Estados Unidos, Tom Homan, o implacável “czar da fronteira” do presidente Donald Trump, foi alvo de uma operação de armadilha do FBI em 2024, quando ainda atuava como cidadão privado. Gravado em vídeo e áudio aceitando US$ 50.000 em dinheiro de agentes disfarçados, Homan prometeu influenciar contratos governamentais de segurança de fronteiras em um eventual segundo mandato de Trump. A investigação, iniciada na era Biden, foi abruptamente arquivada no início de 2025 pela administração Trump, sob alegações de motivação política. Enquanto a mídia alinhada aos democratas denunciam “corrupção suprema”, defensores de Homan a rotulam como uma caçada do “deep state” destacando o papel seletivo da imprensa progressista nessa narrativa.
Tom Homan, ex-diretor interino do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) durante o primeiro mandato de Trump (2017-2018), deixou o governo federal em 2018 e se reinventou como consultor privado de segurança de fronteiras. Ele faturou alto: entre 2021 e 2024, ganhou até US$ 150.000 lobbyando por empresas como a Fisher Industries, que construiu seções do muro na fronteira com o México. Como cidadão privado – ou seja, sem cargo público ou autoridade oficial –, Homan atuava livre de restrições éticas impostas a funcionários governamentais, mas isso não o isentava de escrutínio por potenciais crimes como conspiração para suborno ou fraude.
A investigação começou no verão de 2024, no Distrito Oeste do Texas, durante a administração Biden. Uma ponta inicial veio de uma apuração separada de contrainteligência: um alvo confessou que Homan solicitava “pagamentos” em troca de promessas de contratos federais na área de imigração, caso Trump vencesse as eleições de novembro. O FBI, em coordenação com o Departamento de Justiça (DOJ), montou uma operação de armadilha (sting operation). Agentes disfarçados de executivos de negócios se aproximaram de Homan via um contato mútuo. Em 20 de setembro de 2024 – seis semanas antes da eleição –, câmeras escondidas capturaram o momento crucial em um local neutro no Texas. Homan, carregando uma sacola da rede de fast-food Cava, aceitou uma bolsa com US$ 50.000 em notas de dólar. Segundo fontes internas do DOJ consultadas por veículos como MSNBC e The New York Time, ele indicou que colocaria o dinheiro em um “trust” até assumir um cargo oficial e, em seguida, facilitaria contratos de bilhões de dólares para os “empresários”. “Eu posso ajudar vocês quando entrar no governo”, teria dito, segundo transcrições revisadas pela imprensa.
Na época, Homan era apenas um aliado de campanha de Trump, contribuindo para o Project 2025 da Heritage Foundation – um blueprint conservador para o segundo mandato. Como cidadão privado, ele não se enquadrava perfeitamente em leis de suborno oficial (que exigem um ato oficial em troca), mas promotores do DOJ avaliavam quatro acusações potenciais: conspiração, suborno, fraude eletrônica e fraude postal. O plano era monitorá-lo pós-eleição para ver se cumpriria as promessas, transformando a suspeita em prova concreta.
Trump venceu a eleição em novembro de 2024 e nomeou Homan como “czar da fronteira” em 11 de novembro – um cargo de conselheiro na Casa Branca, sem confirmação do Senado ou verificação de antecedentes rigorosa pelo FBI. Homan assumiu em janeiro de 2025, prometendo “inferno” para cidades santuário como Boston e liderando deportações em massa. A investigação, no entanto, parou abruptamente. Em fevereiro de 2025, o então vice-procurador-geral interino Emil Bove III (ex-advogado pessoal de Trump) foi informado e expressou ceticismo, chamando-a de “investigação do deep state”
O novo diretor do FBI, Kash Patel, e o vice-procurador-geral Todd Blanche revisaram o caso no verão de 2025 e o arquivaram oficialmente em semanas recentes.
Limbo Ético na Era da Politização
O caso Homan ilustra como a justiça americana pode ser moldada pela política. Como cidadão privado, ele escapou de acusações formais na era Biden; como czar da fronteira, beneficiou-se do arquivamento na era Trump. Sem liberação das gravações – bloqueada pelo DOJ –, o episódio permanece no limbo: escândalo para uns, farsa para outros. Enquanto Homan avança com deportações que reduzem travessias ilegais em 70% (dados do DHS), a pergunta persiste: foi isso uma brecha legal ou um sinal de que a Casa Branca prioriza lealdade sobre accountability? Para mais detalhes, acompanhe atualizações em fontes primárias como o DOJ. Este é um lembrete: em Washington, a verdade muitas vezes depende de quem conta a história.