JSNEWS – O Departamento de Educação dos Estados Unidos anunciou a abertura de uma investigação contra as Escolas Públicas de Burlington, em Massachusetts, por supostamente desrespeitarem o pedidos de pais para excluir seus filhos de uma pesquisa que abordava temas como consumo de álcool, drogas, sexo e identidade de gênero. A decisão, divulgada em comunicado oficial, reflete a crescente tensão entre os direitos dos pais e a imposição de conteúdos considerados inadequados por muitos, especialmente no que tange à chamada “ideologia de gênero”.
A Pesquisa de Comportamento de Risco Juvenil, conduzida pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), é um instrumento destinado a monitorar mudanças no comportamento de adolescentes, abrangendo desde o uso de tabaco e álcool até questões de bullying, violência sexual e saúde mental. Realizada com alunos do 6º ao 12º ano, a pesquisa é, em teoria, anônima e voluntária. Contudo, em Burlington, pais relataram ao jornal The Boston Globe que, apesar de terem expressamente solicitado a exclusão de seus filhos, a pesquisa foi aplicada a todos os alunos, incluindo descrições explícitas de práticas sexuais e perguntas sobre o uso de brinquedos sexuais, consideradas inadequadas para crianças a partir de 11 anos.
A secretária de Educação, Linda McMahon, foi enfática ao afirmar que os pais devem ser os principais responsáveis pelas decisões educacionais de seus filhos. “É inconcebível que Burlington tenha violado os direitos dos pais ao aplicar uma pesquisa contra sua vontade, especialmente uma com conteúdo gráfico e totalmente impróprio”, declarou McMahon. A investigação, segundo ela, será conduzida com rigor para assegurar que os direitos parentais sejam respeitados.As denúncias contra o distrito escolar tiveram origem em duas queixas apresentadas pelo Massachusetts Liberty Legal Center, uma organização que defende a liberdade de expressão, a liberdade religiosa e os direitos dos pais.
Uma revisão independente conduzida por Jeffrey M. Sankey revelou falhas graves no processo: os pais não foram informados sobre como revisar o conteúdo da pesquisa antes de decidir pela exclusão de seus filhos, e a versão final do questionário, que incluía definições ampliadas de “relações sexual” e “identidade de gênero”, não foi aprovada pelo comitê de bem-estar do distrito. Ainda mais preocupante, todos os alunos, incluindo aqueles cujos pais optaram pela exclusão, receberam o link para responder à pesquisa. No caso da Marshall Simonds Middle School, os professores foram instruídos a pedir que os alunos ignorassem o link, uma medida considerada insuficiente e desrespeitosa.
O superintendente das Escolas de Burlington, Eric Conti, reconheceu a investigação e afirmou que o distrito cooperará plenamente, destacando que já tomou medidas para corrigir falhas no processo de exclusão e na comunicação com as famílias. Contudo, Conti evitou comentar diretamente as acusações de McMahon, limitando-se a afirmar que o distrito tem sido transparente.
A controvérsia ganha contornos ainda mais delicados com a inclusão de perguntas sobre “identidade de gênero” na pesquisa de 2025, que pedia aos alunos que se identificassem com termos como “menina ou mulher cisgênero”, “homem ou menino transgênero” ou “não binário ou genderqueer”. Tais questões, segundo críticos, refletem a promoção de uma ideologia que desconsidera a realidade biológica de que existem apenas dois sexos biológicos, masculino e feminino.
A administração Trump, que assumiu o comando do governo, reforçou essa posição ao incluir um aviso na página do CDC, condenando a “ideologia de gênero” por seus supostos prejuízos às crianças, incluindo a promoção de intervenções químicas e cirúrgicas, e às mulheres, ao comprometer sua dignidade, segurança e oportunidades. A investigação também levanta questões sobre a possível violação da Emenda de Proteção aos Direitos dos Alunos, que garante aos pais o direito de optar pela exclusão de seus filhos de pesquisas que abordem temas sensíveis. A negligência de Burlington em respeitar essas escolhas reforça a percepção de que as instituições educacionais têm, em alguns casos, desrespeitado a autoridade parental em favor de agendas ideológicas.
Esse caso expõe um conflito mais amplo: de um lado, a defesa dos direitos dos pais de protegerem seus filhos de conteúdos inadequados e de orientarem sua educação conforme seus valores; de outro, a insistência de certos setores em introduzir temas controversos, como a ideologia de gênero, no ambiente escolar, muitas vezes sem o consentimento ou conhecimento das famílias. A resolução desse embate em Burlington poderá estabelecer um precedente importante para o futuro da educação nos Estados Unidos, reafirmando ou não o papel central dos pais na formação de seus filhos.