JCEDITORES – Um juiz americano decidiu nesta sexta-feira (11) que Mahmoud Khalil, estudante da Universidade de Columbia e figura ativa em protestos estudantis, pode ser deportado, conforme informou seu advogado. A decisão reflete a postura da administração Trump de coibir atividades que considera ameaças à segurança nacional, especialmente aquelas que podem ser percebidas como apoio ao Hamas, grupo terrorista amplamente condenado por ataques como o de 7 de outubro de 2023 contra Israel.
Khalil, de origem palestina nascido na Argélia, possui residência legal permanente nos EUA e é casado com uma cidadã americana. Detido em março de 2025 e transferido para a Louisiana, ele foi acusado pelo governo de liderar protestos que criaram um ambiente hostil em universidades americanas. A administração Trump tem alertado que tais movimentos, muitas vezes sob o pretexto de defender causas palestinas, podem resvalar em antissemitismo, ecoando narrativas que deslegitimam a existência de Israel. O caso de Khalil reforça a política de tolerância zero contra qualquer apoio implícito a grupos como o Hamas, que a administração busca dissociar de protestos universitários.
O juiz adjunto de imigração Jamee Comans concluiu que o governo apresentou motivos suficientes para justificar a deportação, apontando as atividades de Khalil como um risco à segurança nacional. O advogado de Khalil, Marc van der Hout, criticou a decisão como “uma violação do devido processo”, prometendo continuar a luta legal. Khalil, em sua fala ao tribunal, questionou a equidade do processo, mas Comans manteve a decisão, dando aos advogados até 23 de abril para solicitar uma dispensa.
O secretário de Estado, Marco Rubio, em carta ao tribunal, destacou que o ativismo de Khalil poderia prejudicar os interesses da política externa americana. Embora sem acusá-lo diretamente de ligação com o Hamas, Rubio apontou que seus protestos, incluindo slogans como “do rio ao mar, a Palestina será livre”, geraram tensões em campi, sendo interpretados por muitos como um chamado implícito pelo fim de Israel — uma retórica que, para críticos, nega espaço aos judeus entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo.
A controvérsia nas universidades e a defesa de discursos extremos
O caso de Khalil ecoa uma crise mais ampla nas universidades americanas, exposta em 5 de dezembro de 2023, quando as presidentes de Harvard (Claudine Gay), Universidade da Pensilvânia (Elizabeth Magill) e MIT (Sally Kornbluth) depuseram no Congresso sobre o aumento de antissemitismo nos campi após o ataque do Hamas.
Questionadas pela deputada Elise Stefanik se “chamar pelo genocídio de judeus” violaria os códigos de conduta de suas instituições, as três ofereceram respostas evasivas, sugerindo que a punição dependeria do “contexto”. Gay, por exemplo, afirmou que apenas “quando o discurso se torna conduta, como bullying ou intimidação”, seria passível de ação. Magill e Kornbluth seguiram linhas semelhantes, evitando condenar categoricamente tais chamadas.
Essas respostas foram vistas como uma falha moral por muitos, que argumentaram que, ao priorizar a liberdade de expressão, as universidades acabaram dando espaço a discursos que relativizam ou toleram a ideia de genocídio.
A administração Trump, sensível a essas críticas, reforçou que não se pode combater um genocídio — como o sofrimento palestino frequentemente citado por ativistas — advogando outro genocídio, como sugerem slogans que negam a existência de Israel. A hesitação das presidentes, especialmente de Gay, que renunciou em janeiro de 2024 sob pressão, intensificou o escrutínio sobre Harvard, UPenn e MIT, onde protestos com o lema “do rio ao mar” foram registrados, alarmando estudantes judeus que os viam como ameaças diretas.
A detenção de Khalil reacendeu debates sobre os limites da liberdade de expressão. Críticos da administração Trump argumentam que a deportação visa silenciar dissidentes, mas apoiadores veem a medida como essencial para conter retóricas que, sob o véu do ativismo, podem incitar violência ou alinhar-se a grupos como o Hamas. A administração Trump enfatiza que proteger a segurança nacional exige ações firmes contra protestos que cruzam a linha do discurso político para a promoção de ideias destrutivas.
A deportação de Khalil ainda não foi agendada, e o caso atrai dezenas de advogados em sua defesa, que o apresentam como um teste para os direitos civis. Enquanto isso, a administração Trump mantém sua postura contra movimentos universitários que julgar desestabilizadores, alinhando-se a uma visão que condena o Hamas e qualquer retórica percebida como antissemita. Para o governo, casos como o de Khalil e a leniência de universidades evidenciam a necessidade de vigilância para evitar que a liberdade de expressão seja usada como escudo para ideias indefensáveis.