REUTERS – A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, acusou Pequim nesta terça-feira de usar coerção e intimidação em suas reivindicações sobre o Mar do Sul da China, que ela chamou de ilegais em seus comentários mais duros sobre a China durante uma visita ao sudeste da Ásia, que ela diz ser essencial para a segurança norte-americana.
A viagem de sete dias de Kamala a Cingapura e ao Vietnã, seu segundo giro internacional, visa confrontar a influência chinesa crescente na segurança e na economia, abordando preocupações com suas reivindicações sobre partes disputadas do Mar do Sul da China e mostrando que Washington pode tomar a dianteira.
Em um discurso em Cingapura, Kamala delineou a visão dos EUA para a região, centrada nos direitos humanos e em regras baseadas na ordem internacional, e procurou consolidar uma guinada norte-americana em direção à Ásia.
Ela disse que os EUA se ofereceram para sediar uma reunião da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), que inclui EUA, China e Rússia, em 2023.
Desviar atenção e recursos para a região se torna um pilar do governo do presidente Joe Biden, distanciando o país de preocupações de segurança antigas com a retirada das forças norte-americanas do Afeganistão.
O governo dos EUA classifica a rivalidade com a China como “o maior teste geopolítico” do século, e o sudeste asiático testemunha uma série de visitas de grande destaque de autoridades de alto escalão, incluindo o secretário da Defesa, Lloyd Austin.
“Sabemos que Pequim continua a coagir, a intimidar e a fazer reivindicações sobre a ampla maioria do Mar do Sul da China”, disse Harris no discurso.
“Estas reivindicações ilegais foram rejeitadas pela decisão de 2016 do tribunal arbitral, e as ações de Pequim continuam a minar a ordem baseada em regras e ameaçam a soberania das nações”, disse ela, referindo-se ao veredicto de uma corte internacional sobre as reivindicações chinesas em Haia.
A China rejeitou o veredicto e insiste em reivindicar a maior parte das águas dentro de uma chamada Linha de Nove Traços em seus mapas, partes das quais Brunei, Malásia, Filipinas e Vietnã também reivindicam.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, reagiu aos comentários de Kamala dizendo que a “ordem” que os EUA querem é uma na qual possam “caluniar, oprimir, coagir e intimidar deliberadamente outros países sem ter que pagar nenhum preço”.
A China está estabelecendo postos militares avançados em ilhas artificiais nas águas, que são cruzadas por rotas comerciais vitais e também contêm campos de gás e áreas de pesca abundantes.