
Nessa terça-feira, 1º de julho, aSecretária de Segurança Interna (DHS), Kristi Noem, chocou a audiência durante a inauguração do centro de detenção de imigrantes “Alligator Alcatraz”, em Ochopee, Flórida, ao afirmar que um imigrante ilegal, descrito como canibal, tentou “comer a si mesmo” em um voo de deportação. Sem evidências concretas, a alegação parece mais uma tentativa de reforçar estereótipos negativos sobre imigrantes, enquanto o novo centro é apresentado como solução para conter “canibais e fugitivos de hospícios”, nas palavras do presidente Donald Trump.
Na cerimônia de abertura do “Alligator Alcatraz”, um centro de detenção construído em apenas oito dias no Aeroporto de Treinamento e Transição Dade-Collier, cercado por pântanos da Flórida, Noem relatou um incidente que desafia a imaginação. Ao lado de Trump e do governador Ron DeSantis, ela afirmou que um imigrante, convenientemente descrito como canibal, tentou se automutilar em um voo de deportação, atacando os próprios braços até o voo ser interrompido para atendimento médico.
A história, atribuída a agentes do ICE, foi contada antes na Fox News com Jesse Watters, onde Noem alegou que o indivíduo “comeu outras pessoas e a si mesmo”. A narrativa serviu para justificar a política de deportação em massa do governo, com o “Alligator Alcatraz” apresentado como uma fortaleza para deter “criminosos perigosos”. Trump intensificou o tom, chamando o centro de lar para “canibais e fugitivos de hospícios”, uma referência que mostra suas comparações de imigrantes com Hannibal Lecter durante a campanha de 2024, reforçando a ideia de que o local é necessário para conter ameaças extremas.
Apesar do impacto da alegação, nenhuma prova sustenta a história de Noem. Fontes confiáveis apontam que a narrativa permanece sem comprovação:
- HuffPost (1º de julho de 2025): Classificou a história como “bizarra” e desprovida de evidências, sem relatórios médicos ou do ICE para corroborá-la.
- Alternet (1º de julho de 2025): Sugeriu que a narrativa pode ser uma tentativa de desumanizar imigrantes, destacando a ausência de detalhes como o nome do indivíduo ou a data do voo.
- Raw Story (1º de julho de 2025): Viu a história como parte da retórica de Trump que transforma imigrantes em monstros, questionando sua credibilidade.
- PolitiFact (1º de julho de 2025): Rotulou a alegação como “sem fundamento”, sem documentos públicos ou testemunhos de terceiros para sustentá-la.
- O silêncio do ICE e do Departamento de Segurança Interna sobre o suposto incidente só reforça o ceticismo, deixando a história no campo da especulação.
Supostamente, a história de Noem poderia servir para chocar a opinião pública e reforçar estereótipos negativos sobre imigrantes, alinhando-se à estratégia do governo Trump de justificar políticas duras, como o uso do Ato de Inimigos Alienígenas e a construção de centros como o “Alligator Alcatraz”. A narrativa, feita sob medida para pintar imigrantes como vilões de filme de terror, parece conveniência política em um momento de deportações em massa.
Sem evidências, a história de Kristi Noem sobre um suposto canibal em um voo de deportação parece mais uma ferramenta retórica para legitimar a agenda anti-imigração do governo Trump do que um fato verificável. O “Alligator Alcatraz”, celebrado como solução para “canibais e fugitivos de hospícios”, reforça uma narrativa de desumanização que contrasta com a realidade de muitos deportados. Em um contexto de alta polarização, leitores e jornalistas devem manter o ceticismo e exigir transparência para combater narrativas tão convenientes quanto improváveis, enquanto isso, aguardamos a divulgação de evidencias que comprovem tão insólita narrativa.