Da Redação – Leonel Moreno, um imigrante venezuelano que cruzou ilegalmente a fronteira dos Estados Unidos em 23 de abril de 2022, tornou-se uma figura polêmica ao ostentar um estilo de vida extravagante e zombar de contribuintes americanos enquanto vivia como foragido. Conhecido como “influencer de migrantes” no TikTok, onde acumulou mais de 500 mil seguidores, Moreno foi preso, detido por um ano e finalmente deportado na última sexta-feira, 28, de março. Sua história expôs falhas no sistema migratório americano e inflamou o debate sobre imigração.
Moreno entrou nos EUA por Eagle Pass, Texas, com sua esposa e filha, sendo inicialmente colocado no programa “Alternatives to Detention” do ICE, que monitora migrantes em liberdade condicional. Contudo, ele fugiu após não comparecer a uma audiência em Miami em novembro de 2022. Enquanto foragido, começou a postar vídeos exibindo maços de dinheiro, que afirmava serem de benefícios sociais, e incentivando outros a invadir casas abandonadas, explorando leis de posse adversa. “Se uma casa não está habitada, podemos tomá-la”, declarou em um vídeo viral. Ele também ridicularizou os americanos, chamando-os de “escravos” por trabalharem enquanto ele supostamente vivia às custas do governo.
Mas como Moreno conseguiu dinheiro para ostentar? Embora ele alegasse viver de benefícios sociais, como cupons de alimentos ou assistência emergencial para migrantes, especialistas sugerem que tais programas têm restrições rigorosas e valores limitados, insuficientes para o luxo que exibia.
É provável que sua renda viesse de outras fontes, como doações de seguidores no TikTok ou atividades não declaradas, possivelmente ilegais. Seus vídeos, que satirizavam a política americana de imigração como permissiva e fácil de explorar, amplificaram a percepção de que o sistema era vulnerável, irritando contribuintes e autoridades.
A polícia migratória americana (ICE) o prendeu em 29 de março de 2024, em Columbus, Ohio, após seus vídeos viralizarem. Detido na Geauga County Jail, Moreno permaneceu sob custódia por cerca de 12 meses. Durante esse período, ele enfrentou uma ordem de deportação emitida em 9 de setembro de 2024, mas barreiras diplomáticas com a Venezuela, que suspendera voos de deportação, atrasaram o processo. Em fevereiro de 2025, foi transferido para Conroe, Texas, e, com a retomada dos voos sob a administração Trump, foi deportado em março de 2025.
Ao chegar à Venezuela, foi recebido com um irônico “bem-vindo” por Diosdado Cabello, Ministro do Interior.
A sátira de Moreno às políticas americanas não era infundada em sua narrativa: ele explorava a demora no processamento de casos migratórios e a incapacidade inicial de deportá-lo devido a tensões entre Washington e Caracas. Seus vídeos, como os que o mostravam com armas – potencial violação da Gun Control Act –, reforçaram a indignação pública. Para muitos, ele simbolizava um sistema migratório falho; para outros, era o estereótipo do imigrante corruptos, desleal que quer levar vantagem em tudo.
Após sua deportação, a saga de Moreno deixa lições amargas. Ele expôs como a combinação de lacunas legais, atrasos burocráticos e plataformas digitais pode ser explorada para desafiar autoridades e inflamar debates. Sua ostentação e zombaria, verdadeiras ou exageradas, alimentaram a narrativa anti-imigração nos EUA, enquanto sua saída reacendeu discussões sobre a eficácia das políticas de fronteira. Moreno voltou à Venezuela como um personagem controverso, para uns ele teria ido longe demais ao abusar de um sistema legal que preteje pessoas presumindo que elas agem de boa fé, para outros um herói socialista, porem sua história permanece como um alerta sobre os desafios de um mundo conectado e em crise migratória.