Por: Eliana Pereira Ignacio – Olá, meus caros leitores, hoje trago um assunto rotineiro mais que com certeza influencia na vida de todos. Estou falando do julgamento alheio, especialmente quando se trata da opinião do outro sobre nossa vida.
Este tema é um tema que impacta indivíduos de maneiras diversas. Para alguns, a habilidade de lidar com críticas e julgamentos externos é uma fortaleza, permitindo-lhes discernir entre feedback construtivo e simples opiniões, sem que isso afete significativamente sua autoestima ou bem-estar.
No entanto, para outros, o peso do julgamento pode ser avassalador, resultando em prejuízos em várias áreas da vida, desde a autoconfiança e autoestima até relacionamentos interpessoais e desempenho profissional. A capacidade de gerenciar e filtrar o julgamento alheio é uma habilidade essencial para o crescimento pessoal e a saúde emocional, mas é um desafio que muitos enfrentam diariamente. Cada interação humana é uma oportunidade para o julgamento.
Seja uma escolha de estilo de vida, uma opinião política ou até mesmo a maneira como alguém prepara seu café pela manhã, sempre há espaço para o julgamento. Mas o que realmente é o julgamento? E por que ele exerce uma influência tão poderosa sobre nossas interações diárias? Na essência, o julgamento é um ato de avaliar e rotular as ações, crenças ou características de outra pessoa com base em nossos próprios padrões e valores.
É uma forma de impor nossa visão de mundo aos outros, destacando uma atitude de superioridade e controle. Quando julgamos, estamos essencialmente ditando como as coisas deveriam ser e como os outros deveriam agir, privando-os do direito de tomar suas próprias decisões. Na visão da psicologia, o fenômeno do julgamento é complexo e multifacetado.
Ele pode ser analisado através de diversas lentes teóricas e abordagens terapêuticas. Por exemplo, a psicologia cognitiva pode examinar como os processos de pensamento e crenças in‑ uenciam nossos padrões de julgamento. Já, a psicologia social explora como o julgamento é moldado pelo contexto social e cultural em que estamos inseridos, destacando a influência das normas sociais e expectativas de grupo. Além disso, a psicologia clínica pode investigar como o julgamento excessivo ou negativo pode contribuir para transtornos de ansiedade, depressão e baixa autoestima.
Outra visão da psicologia, destaca os narcisistas como julgadores incondicionais. Esse comportamento é uma manifestação do narcisismo, caracterizado por uma excessiva preocupação com o eu, a busca constante por admiração e a falta de empatia pelos outros. Ao avaliarem constantemente aqueles ao seu redor com critérios que os beneficiam ou reforçam sua autoimagem inflada, os narcisistas empregam o julgamento como uma ferramenta para exercer controle sobre os outros e reafirmar sua própria superioridade.
É importante notar que o comportamento dos narcisistas pode variar dependendo do indivíduo e do contexto, mas sua tendência a julgar incondicionalmente reflete aspectos fundamentais do narcisismo e é frequentemente observada na prática clínica e na pesquisa psicológica. Em última análise, a psicologia nos oferece insights valiosos sobre a natureza do julgamento humano e como podemos desenvolver uma relação mais saudável e compassiva com nossos próprios pensamentos e os dos outros.
Portando, o julgamento, reflete não apenas o que acreditamos ser certo ou errado, mas também revela nossos próprios medos e inseguranças. Ao julgar os outros, muitas vezes estamos buscando validar nossas próprias escolhas e comportamentos, na esperança de obter aprovação e segurança em nossas próprias decisões. No entanto, essa busca pela validação externa é uma armadilha perigosa, que nos aprisiona em um ciclo interminável de comparação e autoquestionamento.
É importante reconhecer que o julgamento não é apenas uma questão de avaliar os outros, mas também nos expõe ao julgamento dos outros. Aqueles que se sentem no direito de julgar também estão abrindo espaço para serem julgados. É uma troca desigual, onde todos acabam perdendo.
A prática do não julgamento não é fácil. Requer uma conscientização constante de nossos próprios pensamentos e ações, bem como uma disposição para desafiar nossos próprios preconceitos e suposições. No entanto, os frutos desse trabalho interior são inestimáveis.
Ao abandonar a necessidade de julgar e controlar os outros, abrimos espaço para relacionamentos mais autênticos e significativos, baseados no respeito mútuo e na aceitação incondicional. “Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês.
Mateus 7:1-2
Até a próxima semana!!!
Eliana Pereira Ignacio é Psicóloga, formada pela PUC – Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualificações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University. Para interagir com Eliana envie um e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jsnews.com