Líderes religiosos americanos criticaram duramente na terça-feira, 2, a decisão do presidente Donald Trump de posar com uma Bíblia em frente a uma igreja, minutos depois de ordenar uma repressão a um protesto contra a morte de um cidadão negro por um policial branco.
“Foi traumático e profundamente ofensivo no sentido de que algo sagrado foi mal utilizado para um gesto político”, denunciou Mariann Budde, episcopisa da diocese de Washington, à qual pertence a igreja de Saint John, que Trump visitou.
O presidente usou “o poder simbólico do nosso texto sagrado, segurando-o na mão como se fosse uma reivindicação de suas posições e sua autoridade”, acrescentou Budde. A Igreja de Saint John, um edifício histórico perto da Casa Branca, é um templo episcopal protestante que foi danificado no domingo à noite em meio aos protestos.
Mas na segunda-feira os manifestantes protestavam pacificamente quando foram dispersados com bombas de gás lacrimogêneo para que Trump caminhasse por alguns metros entre a Casa Branca e o templo, onde posou para fotos. O protesto e a repressão foram transmitidos ao vivo em muitas emissoras, então as críticas vieram rapidamente. “Naquele momento, o protesto era totalmente pacífico”, disse Budde.
“Não havia justificativa para isso”, acrescentou. Os protestos foram em grande parte pacíficos, mas houve tumultos à noite, apesar do toque de recolher imposto em várias grandes cidades. Outros líderes da Igreja Episcopal dos Estados Unidos denunciaram a visita de Trump como “um evento embaraçoso e moralmente repugnante”. Na terça-feira, Trump, que busca a reeleição em novembro, visitou o monumento em homenagem ao papa João Paulo II, no nordeste de Washington, gerando desconforto entre os líderes católicos.