JCEditores – Na noite de terça-feira, 18, o estado da Louisiana (EUA) voltou matar novamente ao realizar sua primeira execução em 15 anos passando dos limites da crueldade e da selvageria ao fazer uso de gás nitrogênio como arma letal.
Jessie Hoffman Jr., de 46 anos, condenado pelo estupro e assassinato de Mary “Molly” Elliot em 1996, foi amarrado a uma maca para ser sacrificado sendo forçado a inalar a morte por 19 agonizantes minutos, até ser declarado morto às 18h50. Uma máscara respiratória, selada sobre seu rosto, transformou seus últimos suspiros em um espetáculo de horror. O que sobrou foi um cadáver profanado pela voracidade de um estado possuído.
Na câmara de execuções da Penitenciária Estadual da Louisiana, em Angola, Hoffman não teve voz para deixar uma declaração final nem apetite para uma última refeição – apenas o silêncio de quem já carregava o peso de 28 anos no corredor da morte.
Testemunhas relataram uma cena perturbadora: seu corpo se contorcendo em espasmos violentos, tremores incontroláveis enquanto o nitrogênio o sufocava. “Uma resposta involuntária à morte”, justificou friamente Seth Smith, chefe de operações do Departamento de Segurança Pública e Correções, como se o sofrimento pudesse ser reduzido a um termo técnico. “Ele parecia inconsciente”, completou, enquanto o prisioneiro lutava contra o inevitável.
O governador Jeff Landry celebrou o ato como um troféu de justiça. “Desde aquele dia terrível, a família e os amigos de Molly foram torturados por uma espera interminável, revivendo a tragédia em tribunais sem fim. Hoje, após 28 anos, a justiça foi feita”, declarou. Para ele, o fim de Hoffman selava uma dívida antiga – mas a que custo?
Hoffman tornou-se o quinto prisioneiro nos EUA a sucumbir à hipoxia de nitrogênio, um método brutal que troca o oxigênio por um veneno invisível, já testado no Alabama e agora em Louisiana. Proibido para eutanásia de animais e condenado como tortura pela ONU, o gás transformou a execução em uma lenta asfixia, um pesadelo que desafia qualquer definição de humanidade.
Assim como o tribunal de Pilatos, a Suprema Corte dos EUA, dividida por 5 a 4, lavou as mãos e rejeitou o apelo desesperado da defesa para salvar Hoffman. Seus advogados imploraram, alegando que o método profanava sua fé em que passou meditando, em busca de redenção, enquanto esperava pela morte.
Fora da prisão, o ar pesava com os gritos de manifestantes contra a pena de morte. Florence, irmã mais nova de Hoffman, sentou-se sob um carvalho, agarrada a uma foto do irmão, os olhos fixos no vazio enquanto esperava o fim.
A procuradora-geral do estado da Louisiana, Liz Murrill já prometeu: pelo menos quatro outras vidas serão ceifadas este ano.
Relembre o caso
Jessie Hoffman Jr. foi condenado por um crime que abalou Nova Orleans em 1996. Aos 18 anos, ele sequestrou Mary “Molly” Elliot, uma executiva de publicidade de 28 anos, da segurança de sua própria casa, um dia antes do Dia de Ação de Graças. Levou-a a uma região isolada na Paróquia de St. Tammany, onde a violentou brutalmente antes de silenciá-la com um tiro. O corpo de Molly foi jogado às margens do rio Middle Pearl, encontrado em um cais improvisado, um símbolo da frieza do assassino. O julgamento que se seguiu selou o destino de Hoffman com a pena de morte.
Por 28 anos, ele enfrentou o corredor da morte, enquanto seus advogados lutavam, argumentando que o homem que ele se tornara não era mais o monstro de outrora. Questionaram a legalidade do gás, apontaram sua conversão espiritual – mas os tribunais fecharam os olhos. O governador Landry, implacável, defendeu a execução com um aviso gélido: “Se você cometer atos hediondos neste estado, isso lhe custará a vida. Simples assim.” Mas o que resta é a imagem de um homem sufocado, contorcendo-se em agonia, enquanto o mundo assistia em silêncio.