Da Redação – – A declaração de Lula (PT) comparando a Guerra Israel-Hamas com o Holocausto nazista repercutiu em boa parte da imprensa internacional, que em geral descreveu o posicionamento do presidente como “um polêmico incidente diplomático” que causou um “enorme mal-estar” na diplomacia brasileira.
Após ser declarado persona non grata em Israel, o petista repetiu o gesto da diplomacia israelense e, por meio de seu chanceler, Mauro Vieira, convocou o embaixador do país no Brasil para demonstrar insatisfação. Lula também convocou o embaixador do Brasil em Israel de volta “para consultas”, o que foi lido por muitos veículos estrangeiros, como o New York Times, como uma escalada na crise entre os países.
As publicações mais duras em relação à fala do presidente, presumivelmente, partiram da imprensa de Israel. Em um podcast do jornal Times of Israel, o correspondente de assuntos diplomáticos Lazar Berman disse que a fala de Lula foi “ignorante, na melhor das hipóteses”. Depois, em um texto no mesmo veículo, Berman reportou que um funcionário do governo israelense teria dito a ele que, após a reprimenda pública no Museu do Holocausto em Tel Aviv, o embaixador brasileiro Frederico Meyer “pareceu ter internalizado a mensagem”.
Outra publicação israelense, o Israel Hayom, disse que “a situação prejudicou ainda mais as relações entre os países, que se deterioraram desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ao cargo no ano passado”. O veículo escreveu que Lula “se diz um líder do ‘Sul Global’, um grupo vagamente definido de países em desenvolvimento”. Ao mesmo tempo, o YNet News descreveu a declaração de Lula como “de dureza extraordinária”.
Na Europa, o correspondente brasileiro do jornal francês Le Monde disse que a viagem de Lula à Etiópia, que poderia ter sido “uma volta no parque, rapidamente se transformou em um polêmico incidente diplomático”, e o alemão Die Welt chamou a declaração de Lula de “comparação questionável”. Em sua homepage para as Américas, o espanhol El País manteve em destaque Lula como “persona non grata” em Israel.
O português Público destacou em sua homepage que Lula está “proibido de entrar em Israel depois de comparar guerra em Gaza ao Holocausto” , na verdade, não há uma proibição de fato, mas uma série de embaraços em eventuais viagens do brasileiro ao país.
O britânico The Guardian publicou a história apenas no seu liveblog dedicado à crise no Oriente Médio, destacando a publicação de um correspondente do israelense Jewish Insider, segundo o qual a reprimenda de Israel ao embaixador brasileiro “subiu um nível” por ter acontecido de maneira “não usual” fora da chancelaria e com a presença da imprensa.
Reproduzindo um material publicado pela agência de notícias EFE, o argentino Clarín disse que a reprimenda a Meyer no Museu do Holocausto causou um “enorme mal-estar” na diplomacia brasileira, e chamou a convocação do embaixador em Tel Aviv de “escalada na tensão diplomática entre Brasil e Israel”. Nos Estados Unidos, o The New York Times também considerou a convocação do embaixador brasileiro uma “escalada” na tensão entre os países.
O que Lula disse:
“É importante lembrar que, em 2010, o Brasil foi o 1º país a reconhecer o Estado palestino. É preciso parar de ser pequeno quando a gente tem de ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, declarou Lula a jornalistas em Adis Abeba, na Etiópia, no domingo (18.fev.2024).