Da Redação – Cidades sufocadas pelas queimadas e pela fumaça. Rios expostos e animais morrendo pela falta de água. O setor hidrelétrico em alerta devido à baixa nos reservatórios. O ar tão seco que é difícil respirar. Esse é o cenário causado pelo pior período seco já enfrentado por mais da metade do país nos últimos 44 anos, segundo levantamento exclusivo do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) feito a pedido do portal G1.
Das 27 unidades da federação, 16 estados e o Distrito Federal enfrentam a pior estiagem já vista no período de maio a agosto, desde os anos 1980. Na lista estão:
Os dados foram comparados a partir do acumulado de chuva de maio a agosto deste ano com o mesmo período dos últimos 44 anos, que correspondem a registros históricos a partir de 1980. Segundo a pesquisadora responsável pelo levantamento, Ana Paula Cunha, é a primeira vez que um déficit de chuvas é observado por um tempo tão prolongado fora do semiárido.
Segundo o Cemaden, a condição prolongada de estiagem dificulta o controle de incêndios pelo país, cuja maioria tem origem em atividades humanas. A pesquisadora do estudo afirmou que em áreas do Amazonas, Norte do país, até parte de São Paulo, no Sudeste, a seca já dura há bastante tempo.
Amazonas, Acre, Bahia, Piauí, Maranhão, Tocantins, Rondônia, Mato Grosso, Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo são os estados, das 27 unidades da Federação, que se encontram em período de seca severa.
Segundo Ana Paula, o déficit de chuva, a umidade do solo e a secura da vegetação são os três indicadores utilizados pelo Cemaden para a classificação de seca nos municípios. Quanto mais distante dos índices da normalidade as variáveis estiverem, maior a categoria de seca no local.
Ao todo, mais de 1300 municípios no Brasil enfrentam condições de seca severa. Já em situação de seca extrema, são 1995 cidades brasileiras.
Menos água e energia mais cara
A falta de chuva com o aumento da temperatura vem afetando os rios pelo Brasil. A maior parte das bacias está sob classificação de seca, segundo o Cemaden, que também faz o monitoramento de rios pelo país. A estiagem prolongada não só está fazendo a água desaparecer mais rápido que antes, principalmente na região Norte, mas dificultando a recuperação e sobrevivência dos rios.
Esses ciclos de seca são preocupantes para as bacias. O rio sobrevive com a água do lençol freático, que passa abaixo dele. Se não tem chuva, esse lençol não é alimentado e com tanto tempo sem repor água, isso dificulta a recuperação. Já estamos vendo rios menores, de cabeceiras, desaparecerem com o tempo em alguns pontos.
O governo federal diz que há energia suficiente de várias fontes para abastecer e não há risco de apagão, mas os especialistas em energia alertam que isso pode acabar encarecendo a energia em todo o país.