O número representa um aumento de 433,3% em relação aos 2.400 menores sob custódia americana em maio de 2017, segundo o NYT. As informações são do U.S. Department of Health and Human Services (HHS) e foram obtidas pelo jornal com membros do Congresso, que receberam os dados. O jornal diz que o salto não foi provocado pelo aumento do fluxo de crianças entrando nos EUA, mas sim pela redução do número de menores liberados para viver com suas famílias e outros responsáveis.
O resultado é um sistema de abrigo federal próximo de atingir sua capacidade completa. Os abrigos operam perto de 90% da capacidade, comparados com os 30% de um ano antes. A maioria das crianças cruzou a fronteira sozinha, sem os pais. Entre os menores há muitos adolescentes da América Central, que são colocados em um sistema de mais de cem abrigos ao redor do país. A maior concentração está na fronteira com o México.
Pessoas familiarizadas com o sistema de abrigo americano afirmam que a política de tolerância zero adotada em abril e que incluía a separação de famílias fl agradas tentando entrar ilegalmente nos EUA teve um efeito diferente do esperado pelo governo. Em vez de desestimular as migrações de uma maneira geral, desencorajou apenas os pais e amigos da família de acompanhar as crianças.
Foram 12.774 famílias apreendidas enquanto tentavam entrar ilegalmente no país pela fronteira sul. Esse número também representa um aumento mensal das apreensões, depois de três meses de queda: o crescimento foi de 38,1%. O U.S. Department of Homeland Security Immigration and Customs Enforcement (ICE) deve liberar famílias que entram ilegalmente no país dentro de 20 dias após a apreensão. A secretária de imprensa ressaltou que a maioria das famílias liberadas, apesar de não ter direito a permanecer no país com status legal, não deixa os EUA e também não é removida.
Entre abril e junho, apenas 1,4% das unidades familiares foram repatriadas a seus países de origem — entre os exemplos citados por Houlton estão El Salvador, Guatemala, e Honduras. O ano fiscal considerado pelo ICE começou em outubro de 2017 e termina neste mês. Em agosto, as autoridades apreenderam um total de 37.544 indivíduos tentando entrar no país pelo México, um aumento de 68,4% em relação a um ano antes e de 19,95% na base mensal.
No ano fiscal de 2018, o total de apreendidos na fronteira sul chega a 355.106 —foram 281.379 no mesmo intervalo do ano passado. Além disso, 9.016 pessoas foram consideradas inadmissíveis, alta de 8,9% ante agosto de 2017 e de 4,2% contra julho. Cerca de 3 mil crianças foram afastadas dos pais e enviadas a abrigos espalhados pelos EUA como resultado da política. Segundo a American Civil Liberties Union (ACLU) organização de defesa dos direitos civis, 416 menores ainda estavam separados dos pais em 4 de setembro, sendo 14 com menos de cinco anos.
Um juiz federal de San Diego havia determinado que todas as famílias fossem reunidas até 26 de julho. A forte reação negativa tanto doméstica quanto internacional forçou o presidente Donald Trump a assinar, em 20 de junho, um decreto para proibir a prática. A Administração republicana esperava que a separação tivesse o impacto de inibir que outras famílias fizessem a travessia em direção aos EUA.
Especialistas, porém, alertavam que era preciso acompanhar o movimento de outros meses para saber se as medidas de tolerância zero seriam eficazes ou não. Muitos fatores podem influenciar o fluxo de imigrantes, principalmente no verão no hemisfério Norte. O calor intenso é um deles, já que a jornada é extensa e inclui áreas descobertas, como um deserto, e chuva.
Apesar de revogar a separação de famílias, o governo continua apertando o cerco contra a imigração ilegal. Uma das práticas usadas tem sido a combinação de esforços de órgãos ofi ciais para deportar aqueles que buscam a cidadania americana depois de se casarem com um cidadão do país.