Da Redação – Ao menos 31 migrantes que viajavam de ônibus no norte do México em direção a uma cidade na fronteira com os Estados Unidos foram sequestrados no sábado (30) por homens armados, informaram autoridades locais nesta terça-feira (2).
“Recebemos o relato do motorista de um ônibus do Grupo Senda, que nos indicou que foi interceptado por cinco veículos”, conduzidos por homens armados, e “31 dos 36” passageiros foram levados, disse à Milenio TV Jorge Cuéllar, porta-voz de segurança do estado fronteiriço de Tamaulipas.
Cuéllar acrescentou que os sequestrados “são estrangeiros”. Mais tarde, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse na rede social X (Twitter) que quatro dos sequestrados são do seu país.
“A embaixada colombiana no México está coordenando com o estado mexicano o resgate”, disse.
El presidente López Obrador confirmó que 31 migrantes fueron secuestrados en Tamaulipas el pasado sábado. https://t.co/PrpNJwRr95
— El Diario NTR Guadalajara (@NTRGuadalajara) January 2, 2024
O ônibus partiu de Monterrey, no estado vizinho de Nuevo León, e tinha como destino final a cidade fronteiriça de Matamoros, Tamaulipas, de onde os migrantes tentam entrar nos Estados Unidos. Eles foram interceptados quando estavam na altura do município de Reynosa, outra cidade fronteiriça.
Os cinco passageiros que não foram levados são de nacionalidade mexicana, e, junto com os motoristas, foram escoltados até Matamoros, continuou o funcionário.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse que a busca pelos migrantes começou no mesmo sábado. “A investigação já está em andamento”, afirmou.
Cuéllar disse que “já há avanços” na investigação. “Não podemos adiantar informações parciais porque poderíamos prejudicar a investigação”, acrescentou.
A rota migratória mais perigosa
A fronteira entre os Estados Unidos e o México foi a “rota migratória terrestre mais perigosa do mundo” em 2022, com 686 mortos ou desaparecidos, de acordo com um relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM) publicado em setembro.
A migração aos Estados Unidos atingiu um número recorde no ano passado. Segundo a patrulha de fronteiras americana, entre outubro de 2022 e setembro de 2023 foram registradas 2,4 milhões de entradas de migrantes pela fronteira sul dos Estados Unidos.
Na quarta-feira passada, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, fez uma visita à Cidade do México para se reunir com o presidente mexicano sobre a questão migratória.
López Obrador escreveu na rede social X após a reunião que “importantes acordos foram alcançados”, enfatizando que “agora mais do que nunca é indispensável a política de boa vizinhança”, sem fornecer mais detalhes.
Com mais de 3.000 km de fronteira com os Estados Unidos, o México é um país de trânsito e de retenção para migrantes estrangeiros irregulares que se chocam com as políticas migratórias restritivas americanas.
Os migrantes estrangeiros que atravessam o México de sul a norte vêm principalmente dos três países da América Central assolados pela violência a pobreza caudadas por ditaduras (Honduras, Guatemala, El Salvador), do Caribe (Haiti, Cuba) e da Venezuela.
Milhares deles ficam bloqueados na fronteira com os Estados Unidos, em cidades como Tijuana, Ciudad Juárez e Matamoros.
Cerca de 40 migrantes, em sua maioria venezuelanos, morreram em um incêndio em um centro de detenção do Instituto Nacional de Migração (INM) em Ciudad Juárez em março do ano passado.
Os migrantes que atravessam o México também são vítimas de acidentes rodoviários, o que ocorreu em dezembro de 2021 em Chiapas, quando 55 deles morreram depois que o veículo superlotado onde viajavam irregularmente capotou.
Além disso, eles sofrem com a violência dos “coyotes” (traficantes de pessoas) e das próprias autoridades.
Em agosto de 2010, 72 migrantes de diferentes países foram assassinados pelo extinto cartel Los Zeta em San Fernando, em Tamaulipas. Outros 17 centro-americanos foram baleados e incinerados em Camargo, no mesmo estado, em 21 de janeiro de 2021, um crime pelo qual 12 policiais foram declarados culpados.
Com informações – AFP & REUTERS