JSNEWS – Na última sexta-feira, ativistas e familiares reuniram-se em South Portland, Maine, para protestar contra a detenção de dois brasileiros, Marcos Henrique, de 28 anos, e Lucas Segobia, cuja idade não foi divulgada, presos por estarem em situação migratória irregular nos Estados Unidos. A abordagem ocorreu na semana passada, quando a Polícia Estadual do Maine parou o veículo dos dois devido a uma placa desalinhada. Após a detenção, ambos foram entregues às autoridades migratórias, segundo o jornal Portland Press Herald.
Ryan Bissette, porta-voz da Patrulha de Fronteira, informou que um dos brasileiros excedeu o prazo de um visto B-2 e que nenhum deles possui status legal no país. Os dois foram transferidos para a custódia do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) para fins de deportação.
O protesto foi liderado por Jo Remillard, da People’s Inclusive Welding, com apoio de grupos como a seção local dos Socialistas Democráticos da América (DSA), o Southern Maine Workers’ Center, o Queer Trades Collective e o Presente! Maine. Os manifestantes defenderam que Henrique e Segobia são trabalhadores dedicados em busca de melhores condições de vida.
Marcos Henrique, residente em Massachusetts, dirigia sem habilitação no momento da prisão, conforme relato de sua esposa, Ana L., lido durante o ato. Ela explicou que ele perdeu recentemente seu passaporte brasileiro, o que o impedia de obter uma carteira de motorista. “Ele foi detido por não ter habilitação, mas agora está sendo julgado por sua condição de imigrante”, afirmou Ana.
Laura A., noiva de Segobia e moradora de Searsport, declarou que ele ingressou nos EUA com um visto e possui uma solicitação de green card em andamento. “Este governo declarou guerra aos imigrantes. Atacar imigrantes é atacar os direitos humanos. Não vou me calar”, disse Laura durante o protesto, destacando que Segobia é um trabalhador qualificado que atende às demandas laborais do Maine.
Os manifestantes criticaram as autoridades migratórias, alegando que os detidos não tiveram acesso ao devido processo legal. Familiares enfrentaram dificuldades para localizá-los, inicialmente levados à Cadeia Regional de Two Bridges, em Wiscasset, mas transferidos para um local não informado.
Ao encerrar o ato, Remillard questionou a legitimidade das leis migratórias americanas, afirmando: “Estamos em terras não cedidas dos Wabanaki, e ninguém em terras indígenas não transferidas pode ser considerado ilegal.” A declaração reflete a visão de que a soberania dos povos Wabanaki sobre a região desafia as leis de imigração dos EUA.
Para custear despesas legais e compensar a perda de renda, Anderson criou uma campanha no GoFundMe, com meta de arrecadar US$ 20.000. Até a tarde de segunda-feira, a iniciativa havia coletado mais de US$ 15.000, com 254 doações.
A Assembleia do Maine analisa dois projetos de lei que proíbem a colaboração entre forças policiais estaduais e locais com autoridades migratórias: o LD 1971, da deputada Deqa Dhalac (Democrata-South Portland), e o LD 1259, da deputada Ambureen Rana (Democrata-Bangor).
As propostas serão discutidas em sessão do Comitê Judiciário na próxima quarta-feira e, se aprovadas, seguirão para votação no plenário da Câmara.