
Medford, 08 de Outubro de 2025
Na noite de terça-feira, 7, a cidade de Boston foi palco de uma manifestação organizada por grupos como a Boston Coalition for Palestine e o New England Network for Justice for Palestine. O evento, intitulado “Flood Downtown Rally and March”, teve início às 17h30 no The Embrace Monument, no Boston Common, reunindo centenas de pessoas em apoio à causa palestina. A marcha, que fazia parte de uma “Semana de Raiva” global, buscava denunciar as ações militares de Israel em Gaza, exigindo um cessar-fogo, um embargo de armas por parte dos Estados Unidos e sanções contra o governo israelense.
Inicialmente pacífica, a manifestação expressava luto pelas mais de 65 mil vítimas palestinas reportadas pelo Ministério da Saúde de Gaza desde o início do conflito, em 7 de outubro de 2023.
Contudo, o protesto rapidamente tomou contornos caóticos. Manifestantes bloquearam a Tremont Street, interrompendo o tráfego, lançaram dispositivos que liberaram fumaça vermelha e, segundo relatos, danificaram um veículo policial. Treze pessoas foram detidas, acusadas de obstrução de vias e agressão a oficiais, enquanto quatro policiais sofreram ferimentos, incluindo fraturas ósseas. A polícia de Boston descreveu a transição de um ato pacífico para um cenário de desordem, com testemunhas relatando um ambiente de “puro caos” nas ruas. A partir deste ponto, é impossível ignorar os elementos profundamente problemáticos do evento, que transcendem a mera expressão de solidariedade.
A multidão entoava, com fervor, o slogan “From the river to the sea, Palestine will be free” (“Do rio ao mar, a Palestina será livre”), uma frase que, embora defendida por alguns como um apelo à igualdade, é amplamente interpretada como uma chamada pela eliminação do Estado de Israel e do povo judaico que vive no território entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo. Organizações como a Anti-Defamation League (ADL) classificam esse cântico como antissemita, por implicar a negação do direito de existência de Israel como nação. A repetição desse slogan em Boston, especialmente em um contexto de escalada de tensões, reforça a percepção de que o protesto não buscava apenas justiça, mas também a deslegitimação de um Estado soberano. Além disso, muitos manifestantes foram vistos utilizando keffiyehs e máscaras cobrindo o rosto, uma prática que lembra a estética adotada por militantes do Hamas, grupo reconhecido como organização terrorista por diversos países, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia.
Embora o keffiyeh seja um símbolo cultural palestino, seu uso em um contexto de confronto, aliado a máscaras que ocultam identidades, evoca imagens de militantes armados, o que intensifica a percepção de apoio implícito a grupos radicais. Essa escolha estética, longe de ser neutra, alimenta a narrativa de que o protesto endossava, ao menos simbolicamente, a violência associada ao Hamas.
A data escolhida para o protesto — o segundo aniversário do ataque brutal do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de cerca de 1.200 civis israelenses, incluindo mulheres, crianças e idosos — é outro ponto de profunda controvérsia. A coincidência não passou despercebida, sendo amplamente criticada como uma provocação deliberada. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, ao comentar protestos semelhantes realizados na mesma data no Reino Unido, classificou a escolha como “inadequada” e potencialmente desrespeitosa às vítimas do ataque inicial.
Em Boston, a realização do evento em um dia de luto para a comunidade judaica, que organizou vigílias em memória das vítimas em locais próximos, como Newton Centre, reforça a percepção de que o ato tinha um caráter quase comemorativo ao ataque do Hamas, ainda que os organizadores neguem tal intenção.
O nível de vandalismo e violência observado no protesto — com danos a veículos policiais, agressões a oficiais e bloqueios de vias públicas — parece, lamentavelmente, compatível com a data escolhida. A escalada para o caos reflete não apenas uma rejeição à ordem pública, mas também uma insensibilidade ao peso simbólico de 7 de outubro, um dia que permanece como uma ferida aberta para Israel e sua diáspora.
Enquanto os organizadores alegam defender a causa palestina, a combinação de slogans radicais, estética militante e atos de violência sugere uma agenda que vai além da solidariedade humanitária, desafiando a legitimidade de Israel e inflamando tensões em um momento de luto coletivo.
Em última análise, o protesto em Boston, embora iniciado com intenções declaradas de apoio aos palestinos, revelou-se um evento marcado por simbolismos perigosos e ações destrutivas. A escolha de cânticos que negam a existência de Israel, o uso de coberturas faciais que remetem a grupos terroristas e a insensibilidade da data escolhida lançam uma sombra sobre as intenções dos manifestantes. Em um mundo que busca coexistência e diálogo, tais atos apenas aprofundam divisões, prejudicando a causa da paz e reforçando a necessidade de Israel e do povo Judeu que vive na diáspora de se proteger contra narrativas e ações que ameaçam sua própria existência.