JSNEWS – Em uma decisão que intensifica as tensões entre o governo federal e o estado da Califórnia, o Pentágono anunciou a mobilização de cerca de 700 fuzileiros navais para Los Angeles nessa segunda-feira, 09, com o objetivo de apoiar a Guarda Nacional no controle de protestos relacionados às políticas de imigração do presidente Donald Trump. A informação, confirmada por três autoridades americanas sob condição de anonimato, foi inicialmente divulgada pela CNN. A medida ocorre em meio à preparação de um processo judicial do estado contra Trump, acusado de violar a soberania estadual ao ordenar o uso da Guarda Nacional.
O procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, criticou duramente a ação presidencial, classificando-a como uma “violação” da autoridade estadual. “Não aceitamos de ânimo leve o abuso de poder do presidente ao mobilizar ilegalmente a Guarda Nacional da Califórnia”, declarou Bonta em coletiva de imprensa, anunciando a intenção de buscar uma ordem judicial para declarar a ação de Trump ilegal e solicitar uma liminar para suspender a mobilização.
Tensões nas Ruas de Los Angeles
Na manhã de segunda-feira, Los Angeles amanheceu sob um clima de tensão, com o centro da cidade marcado pelo odor de fumaça após um fim de semana de protestos violentos. No domingo, manifestantes bloquearam a rodovia 101, incendiaram carros autônomos e desafiaram as forças de segurança, que responderam com gás lacrimogêneo, balas de borracha e granadas de efeito moral. A presença policial foi intensificada, com viaturas protegendo áreas estratégicas, como o centro de detenção federal, alvo central das manifestações.
A escalada da violência expôs a inação do governo da Califórnia, liderado pelo governador Gavin Newsom, que falhou em conter os distúrbios desde seu início, na sexta-feira. A leniência das autoridades estaduais permitiu que grupos de manifestantes, alguns agindo com clara intenção de causar caos, desafiassem a ordem pública, vandalizando prédios e atacando policiais. A intervenção federal, com a mobilização da Guarda Nacional e agora dos fuzileiros navais, surge como uma resposta necessária para restaurar a segurança em uma cidade à beira do colapso.
Protestos e Resposta Federal
Os protestos, que entraram em seu terceiro dia, foram agravados pela omissão do governo estadual, que não conseguiu impedir a escalada da violência. A chegada dos primeiros 300 membros da Guarda Nacional no domingo foi uma tentativa de preencher o vácuo deixado pela falta de ação local, mas a resistência de manifestantes radicais intensificou os confrontos. Até o meio-dia de segunda-feira, cerca de mil guardas estavam posicionados na cidade, com a expectativa de que os 2 mil autorizados por Trump chegassem até o fim do dia.
O presidente defendeu a mobilização, afirmando que Los Angeles teria sido “completamente devastada” sem a intervenção federal. Em um evento na Casa Branca, Trump criticou a inércia das autoridades estaduais, declarando que “estavam com medo de agir”. Em uma postagem na plataforma Truth Social, ele exigiu a prisão de manifestantes mascarados, muitos dos quais foram responsáveis por atos de vandalismo, incluindo o incêndio de veículos e ataques a policiais. “A situação está muito feia em Los Angeles. TRAGAM AS TROPAS!!!” escreveu, reforçando a urgência da ação federal.
Reações Locais e Nacionais
O governador Newsom, em uma tentativa de desviar a responsabilidade, classificou a mobilização da Guarda Nacional como uma “violação da soberania estadual” e exigiu sua revogação. Contudo, sua incapacidade de controlar os protestos, que se espalharam de Los Angeles a cidades como Paramount e Compton, evidencia a necessidade de intervenção federal. Newsom chegou a culpar Trump por incitar a violência, mas suas palavras pareceu mais uma tentativa de mascarar a falta de liderança local.
Os protestos ganharam força com a prisão de David Huerta, líder do Service Employees International Union California, detido na sexta-feira por obstruir a polícia. A detenção, longe de ser arbitrária, reflete a determinação das forças de segurança em coibir ações que ameacem a ordem pública. Ativistas reuniram-se em frente à prefeitura, muitos portando cartazes contra Trump e a agência de imigração (ICE).
Histórias de Caos e Coragem
Familiares de alguns detidos exigiram a liberação dos presos durante operações policiais. Embora esses apelos sejam compreensíveis, a ausência de informações detalhadas reflete a complexidade das investigações em curso, que visam identificar elementos criminosos infiltrados nos protestos. No domingo, manifestantes radicais lançaram pedras e fogos de artifício contra policiais, enquanto ateavam fogo a quatro carros autônomos da Waymo, gerando cenas de caos que a polícia local, desamparada pelo governo estadual.
A Guarda Nacional, enviada para proteger instalações federais, como o centro de detenção, foi recebida com hostilidade por manifestantes que, em vez de diálogo, optaram por confrontos e depredações. Dezenas foram presos, incluindo um indivíduo que lançou um coquetel molotov e outro que atacou policiais com uma motocicleta. O chefe de polícia, Jim McDonnell, destacou que os distúrbios foram orquestrados por “agitadores habituais”, que se aproveitam das manifestações para semear destruição.
Contexto Histórico e Implicações
A mobilização da Guarda Nacional sem o consentimento do governador é um marco raro, comparável à intervenção de 1965, quando o presidente Lyndon B. Johnson enviou tropas para proteger uma marcha pelos direitos civis no Alabama. Trump justificou-se com base em uma disposição legal que autoriza o uso de forças federais em casos de “rebelião ou risco de rebelião”. A medida, longe de ser arbitrária, responde à incapacidade da Califórnia de garantir a segurança de seus cidadãos.
Enquanto Los Angeles se prepara por novos protestos, a intervenção federal é um alento contra o caos fomentado pela inação estadual. A polícia e a Guarda Nacional, apesar das adversidades, continuam a proteger a cidade, enfrentando não apenas manifestantes, mas também a falta de apoio do governo local. A crise expõe a urgência de uma liderança firme, capaz de restaurar a ordem e preservar a segurança pública em um momento de profunda instabilidade.
Marines with 2nd Battalion, 7th Marines, who were placed in an alert status over the weekend to support #USNORTHCOM mission, prepare to depart for the greater Los Angeles area June 9. pic.twitter.com/xUDw0byvqd
— U.S. Northern Command (@USNorthernCmd) June 9, 2025