
Boston, 15 de Agosto de 2025 – Conforme noticiou a NBC, em um movimento que reforça a crescente aceitação da maconha em contextos sociais, o estado de Massachusetts, nos Estados Unidos, deu mais um passo rumo à legalização do consumo de cannabis em eventos e espaços públicos. Nesta sexta-feira (15 de agosto), a Comissão de Controle de Cannabis (CCC) anunciou que publicará um memorando detalhando as regras para o uso social da substância, abrindo espaço para comentários públicos até o dia 20 de agosto. A decisão, aprovada por votação unânime de 3 a 0 na quinta-feira, 14, reflete um processo que, embora meticuloso, não escapa de críticas sobre as implicações de normalizar o comportamento dos maconheiros em ambientes sociais.
As regulamentações, que estarão disponíveis no site da Secretaria de Estado a partir dessa sexta-feira, preveem a criação de locais onde os maconheiros poderão, de forma legal, adquirir e consumir maconha no mesmo espaço, à semelhança do que ocorre com bebidas alcoólicas em bares. Tal comparação, no entanto, levanta questionamentos sutis sobre as transformações que o uso de maconha pode provocar na personalidade e no comportamento social de seus usuários, especialmente quando se considera que a substância, assim como o consumo em excesso do álcool, é frequentemente associada a uma desconexão do convívio produtivo.
Nos estado Unidos, a maioria das cidades e estados possuem leis conhecidas como “open container laws” que proíbem o consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos. Isso inclui ruas, parques e praias. A violação dessas leis pode resultar em multas ou até mesmo detenção.
A proposta inclui três tipos de licenças para o consumo social:
- uma licença “suplementar” para estabelecimentos de maconha já existentes, como lojas de varejo;
- uma licença de “hospitalidade” para negócios não relacionados à cannabis, como estúdios de ioga ou teatros;
- e uma licença de “organizador de eventos” para consumo temporário em festivais ou manifestações.
Bruce Stebbins, presidente interino da CCC, afirmou que a revisão dos comentários públicos está prevista para o final de setembro, com o objetivo de considerar a legalização desses locais quase uma década após a lei de 2016 que descriminalizou o uso não medicinal da maconha. “Já recebemos algumas perguntas e comentários de partes interessadas que acompanham nossas deliberações”, declarou Stebbins, sugerindo que a participação pública será essencial para moldar as regras finais.
Entre os pontos em debate, destacam-se a exigência de “áreas de resfriamento” para aqueles que, sob o efeito da cannabis, possam apresentar reações adversas, e a proibição de álcool e tabaco nos locais de consumo de maconha, medida que reforça a separação entre diferentes formas de alteração da consciência.
Defensores do consumo da maconha argumentam que a criação desses espaços oferece uma solução para turistas hospedados em hotéis e locatários impedidos de fumar em seus apartamentos, além de proporcionar aos pais um local para consumir cannabis sem expor seus filhos à substância. Contudo, a imagem de um maconheiro buscando tais locais para “se expressar livremente” pode, de maneira velada, sugerir uma incapacidade de integrar-se plenamente às normas de convivência social, evocando um certo descompasso com as responsabilidades do dia a dia. “Essa é uma oportunidade para ouvirmos as partes interessadas, licenciados, pacientes e consumidores”, afirmou a comissária Kimberly Roy, enfatizando a importância do diálogo, mesmo que os reguladores nem sempre cheguem a um consenso.
Massachusetts se tornará o 11º estado americano a permitir o consumo em ambiente social da maconha, seguindo o exemplo de estados como Alasca, Califórnia, Colorado, Illinois, Maryland, Michigan, Nevada, Nova Jersey, Novo México e Nova York. Enquanto isso, no Oregon, há esforços para incluir a medida na votação estadual de 2026. A iniciativa, embora progressista, majoritariamente ligada ao partido democrata, não está isenta de críticas.
A normalização do consumo de maconha em espaços públicos, ainda que regulamentada, pode reforçar estereótipos de que os maconheiros, em sua busca por momentos de introspecção ou desconexão, priorizam a fuga da realidade em detrimento de uma participação mais ativa e responsável na sociedade.
Resta saber como as boas maneiras – ou a falta delas – moldarão o futuro dessas regulamentações.
Fonte: nbcboston.com