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A maior operação policial já realizada no Complexo do Alemão e na Penha, na zona norte do Rio, terminou com 20 mortos, 56 presos e nove policiais feridos nesta terça-feira (28). Batizada de Contenção, a ação revelou um novo patamar de confronto: o uso de drones armados com granadas pelo Comando Vermelho (CV), técnica importada da guerra na Ucrânia.
A ofensiva, que mobilizou 2.500 agentes da Polícia Civil, Militar e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), começou às 5h30. Helicópteros, blindados e drones sobrevoaram as 26 comunidades dos dois complexos. Até o meio-dia, o balanço oficial era de 18 suspeitos mortos, dois policiais civis mortos e 56 detidos, entre eles Nicolas Fernandes Soares, operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, o “Doca”, um dos chefes do CV na Penha.
Policiais caídos
Os dois agentes mortos eram:
- Marcos Vinícius Cardoso Carvalho, 36, conhecido como “Máskara”, da 53ª DP (Mesquita), atingido no pescoço na Vila Cruzeiro.
- Um investigador da 39ª DP (Pavuna), cuja identidade não foi divulgada, morto em confronto no Alemão.
Dos nove policiais feridos, sete são da Polícia Civil e dois da PM. Um cabo do Bope levou estilhaços na perna após granada lançada por drone. Todos estão estáveis no Hospital Getúlio Vargas, na Penha.
Drones: da Ucrânia às lajes
Pela primeira vez em operações urbanas brasileiras, traficantes usaram drones comerciais modificados para atacar forças de segurança. Às 7h15, um quadricóptero lançou uma granada F1 sobre policiais do Bope na rua Uranos. Dezesseis minutos depois, outro ataque foi interrompido: um sniper do Bope abateu o aparelho com tiro de fuzil .308 a 420 metros.
O drone recuperado — um modelo Eachine Tyro99 — trazia a granada fixada por fio de nylon cortado manualmente, sistema rudimentar copiado de vídeos ucranianos no Telegram. Um menor de 17 anos, preso na Fazendinha, admitiu ter aprendido a técnica em grupos do Pará.A polícia empregou 12 drones de reconhecimento (DJI Mavic 3) e dois rifles antidrone com bloqueador de sinal. “É a guerra assimétrica chegando às favelas”, resumiu o secretário de Segurança, Victor Santos.
“O Comando Vermelho não é mais uma facção. É um exército paralelo com drones, granadas e fuzis — e opera dentro da cidade.”
(Frase ouvida por repórteres em coletiva do governador Cláudio Castro)
Arsenal apreendido
| Item | Quantidade |
| Fuzis | 31 |
| Granadas intactas | 18 |
| Drones | 4 |
| Drogas | 200 kg |
| Munição | 8.000 cartuchos |
As armas entram pelo Pará e são trocadas por cocaína com facções de outros Estados, segundo o Gaeco.
Vozes da comunidade
Moradores relatam barricadas em chamas, mais de 200 disparos consecutivos e quatro civis feridos por balas perdidas, entre eles uma idosa e uma criança. Linhas de ônibus foram suspensas; o trânsito na avenida Brasil ficou caótico.“O barulho parecia filme de guerra. Meu filho de 5 anos se escondeu embaixo da cama”, contou uma moradora da Nova Brasília, sob condição de anonimato.
Em Brasília, o presidente Lula rejeitou pedido de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Cláudio Castro (PL) criticou: “Precisamos de apoio federal, não de omissão”. O governo estadual negocia 30 drones antidrone com Israel e promete operações permanentes. A operação segue em curso. Novas atualizações devem ser divulgadas às 18h.


