AFP – O estado americano de Mississipi deu um passo-chave para eliminar o símbolo confederado de sua bandeira, após semanas de protestos contra o racismo nos Estados Unidos.
Depois da adoção de uma resolução que autorizava tratar um projeto de lei para redesenhar a bandeira, a Câmara de Representantes aprovou a iniciativa por 91 votos a 23.
Em seguida, o projeto foi apresentado no Senado local, que o aprovou neste domingo por 37 votos a 14. Agora, deverá ser ratificado por um referendo em novembro.
Com um longo passado segregacionista, o Mississipi é o último estado da União a adotar estes símbolos em sua bandeira, depois que a Geórgia os eliminou de seu panteão em 2003.
A cruz azul na diagonal, demarcada por pequenas estrelas brancas com um fundo vermelho representou os estados do sul, contrários à abolição da escravatura, durante a Guerra Civil americana (1861-1865).
A bandeira faz parte, assim como as estátuas dos generais confederados ou líderes escravagistas, dos símbolos questionados no âmbito das grandes manifestações antirracistas que sacodem os Estados Unidos há um mês, após a morte em 25 de maio do afro-americano George Floyd por um policial.
“É hora de tomarmos a decisão em 2020 sobre qual tipo de bandeira vamos ter para representar este estado”, disse o senador republicano Briggs Hopson à TV ABC.
O projeto de lei prevê a formação de uma comissão de nove membros, que desenhará uma nova bandeira sem o símbolo contestado, e que inclua a frase “In God, We Trust” (Confiamos em Deus).
Se a cidadania rejeitar o novo desenho, o Mississipi ficará sem bandeira até que uma nova seja aprovada.
“Esta é a oportunidade de encontrarmos uma bandeira que unifique todos os habitantes do Mississipi, e é isso que vamos fazer”, disse o presidente republicano da Câmara de Representantes, Philip Gunn, aos legisladores, segundo o jornal Clarion Ledger.
Em 2001, o Mississipi votou para manter a bandeira atual, aclamada por seus defensores como um símbolo orgulhoso do patrimônio e da história do sul do país.
O governador Tate Reeves, que tinha tentado evitar o debate, disse no sábado que sancionaria o projeto de lei uma vez aprovado. Mas advertiu que trocar a bandeira não acabará com o racismo, nem com as divisões no estado.
Unir o estado, escreveu em sua conta no Twitter, “será mais difícil do que se recuperar dos tornados, mais difícil do que as inundações históricas… Inclusive mais difícil do que lutar contra o coronavírus”.