JSNEWS – Na noite de 21 de junho, os Estados Unidos, em coordenação com Israel, executaram ataques aéreos devastadores contra as instalações nucleares iranianas de Fordow, Natanz e Isfahan, marcando uma escalada histórica no conflito no Oriente Médio. O presidente Donald Trump anunciou a operação como um “sucesso militar espetacular”, mas a questão que paira é: houve sinais claros de que o ataque estava por vir? Entre a retórica agressiva de Trump, movimentações militares americanas e uma postagem enigmática no X que previu o ataque, há evidências de que o Irã poderia ter captado alertas, mas talvez não tenha antecipado a magnitude da ação.
Ameaças Públicas como Estratégia
Desde o início de sua segunda administração, Trump adotou uma postura combativa em relação ao Irã, especialmente após o colapso das negociações nucleares mediadas por Omã e Qatar. Em 12 de junho de 2025, ele postou no Truth Social uma mensagem direta: “O Irã deve assinar um acordo nuclear. Pessoas devem evacuar Teerã imediatamente. Eles não podem ter uma arma nuclear.” A declaração, acompanhada de um ultimato de 60 dias que expirou em 13 de junho, coincidiu com os primeiros ataques israelenses a alvos nucleares iranianos, sugerindo que Trump estava preparando o terreno para uma escalada.
No dia 13 de junho, outra postagem de Trump intensificou o tom: “Os linha-dura iranianos estão todos mortos agora, e será muito pior se o Irã não fizer um acordo.” Embora essas mensagens fossem públicas e ameaçadoras, elas não especificavam um ataque americano iminente, funcionando mais como pressão diplomática para forçar concessões. Especialistas sugerem que a retórica de Trump visava tanto intimidar o Irã quanto mobilizar apoio doméstico e internacional para uma possível ação militar. No entanto, a falta de detalhes operacionais nas postagens torna improvável que o Irã as interpretasse como um aviso direto.
Sinais Visiveis de Preparação
Enquanto a retórica de Trump dominava as manchetes, as ações militares americanas enviaram sinais mais concretos. No início de junho, os EUA evacuaram pessoal não essencial de bases no Oriente Médio e da embaixada em Bagdá, uma medida interpretada como precaução contra retaliações iranianas.
Rastreadores de voo detectaram bombardeiros B-2 Spirit, caças F-22 e F-35 cruzando o Atlântico em direção ao Oriente Médio, enquanto os porta-aviões USS Nimitz e USS Carl Vinson foram reposicionados no Golfo Pérsico. Essas movimentações, visíveis por satélites e amplamente discutidas em fóruns de inteligência open-source, indicavam uma mobilização significativa.
Para o Irã, que monitora de perto as atividades militares americanas e israelenses, essas ações poderiam ter sido um alerta. No entanto, a ausência de uma resposta defensiva robusta — como a evacuação de materiais nucleares ou o reforço de defesas aéreas em Fordow, Natanz e Isfahan — sugere que Teerã pode ter subestimado a probabilidade de um ataque direto dos EUA, possivelmente acreditando que a mobilização era apenas um apoio logístico a Israel.
A Postagem Misteriosa no X: Um Vazamento ou Especulação?
Um elemento intrigante na narrativa é uma postagem no X, publicada em 19 de junho de 2025 por @areamilitarof, que afirmou: “URGENTE!! SARGENTOS DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS DOS EUA CONFIRMAM: ‘IRÃ SERÁ ATACADO NO FINAL DE SEMANA!’”
A postagem alegava que dois sargentos anônimos do Corpo de Fuzileiros Navais (um E5 MOS0311 e um MOS0621) haviam informado ao perfil que o Comando Central dos EUA (CENTCOM) estava planejando uma ofensiva. Surpreendentemente, os ataques ocorreram exatamente no fim de semana previsto, em 21 de junho, levantando especulações sobre a veracidade da informação.
Embora a postagem tenha se mostrado correta em retrospecto, sua credibilidade é questionável. Fontes anônimas, sem documentos ou provas verificáveis, são comuns em plataformas como o X, onde rumores e desinformação frequentemente circulam. Não há registros de que grandes meios de comunicação, como Reuters ou The New York Times, tenham corroborado a informação antes dos ataques. Além disso, a postagem não especificava alvos ou detalhes operacionais, o que limita seu valor como um aviso acionável. É possível que o Irã, com acesso a inteligência própria, tenha captado rumores semelhantes, mas a falta de uma reação significativa sugere que Teerã não deu peso suficiente a tais alertas.
Outra postagem de @areamilitarof, no dia 21 de junho, mencionou movimentações iranianas em Fordow, Natanz e Isfahan antes dos ataques, sugerindo que o Irã pode ter detectado atividades militares americanas ou israelenses. Isso levanta a possibilidade de que a inteligência iraniana estivesse ciente de um risco iminente, mas a ausência de evacuações em larga escala indica que o Irã não esperava a escala ou a participação direta dos EUA.
A Percepção Iraniana: Subestimação ou Falha de Inteligência?
O Irã, com um histórico de monitoramento rigoroso de seus adversários, provavelmente estava ciente da retórica de Trump e das movimentações militares americanas. No entanto, vários fatores sugerem que Teerã subestimou a disposição dos EUA para agir diretamente:
- Contexto Diplomático: As negociações nucleares em curso, mediadas por Omã e Qatar, podem ter levado o Irã a acreditar que os EUA priorizariam a diplomacia. Declarações de autoridades iranianas, como o ministro das Relações Exteriores Abbas Araghchi, indicavam disposição para negociar, desde que Israel cessasse seus ataques.
- Histórico Americano: A relutância dos EUA em se envolver diretamente em conflitos com o Irã, mesmo após tensões como o assassinato de Qassem Soleimani em 2020, pode ter reforçado a confiança iraniana de que Washington evitaria uma guerra aberta.
- Resposta aos Ataques: A reação iraniana, com a TV estatal declarando “Você começou e nós vamos terminar”, sugere surpresa com a escala e a participação americana. A ausência de relatos sobre a retirada de materiais sensíveis, como urânio enriquecido, reforça a ideia de que o Irã não antecipou a necessidade de evacuar suas instalações nucleares.
Os sinais emitidos pelos EUA — a retórica ameaçadora de Trump, as movimentações militares visíveis e rumores como a postagem de @areamilitarof
— formaram um mosaico de alertas que o Irã poderia ter interpretado como preparação para um ataque. No entanto, a falta de um aviso formal, combinada com a subestimação iraniana da determinação americana, sugere que Teerã não estava preparado para a ofensiva de 21 de junho.
A postagem no X, embora correta em sua previsão, parece mais um reflexo de especulações baseadas em movimentações militares do que um vazamento confiável. Enquanto Trump celebrou o “sucesso espetacular” da operação, o Irã agora enfrenta o desafio de responder a uma escalada que pode redefinir o equilíbrio de poder no Oriente Médio.
Se o Irã captou os sinais, mas não agiu, ou simplesmente não acreditou que os EUA teriam a coragem de atacar.