AVISO: Esse texto contem linguagem inadequada para pessoas sensíveis
JCEDITORES – Na penumbra fria da câmara de execução da Instituição Correcional de Broad River, em Columbia, Carolina do Sul, o destino de Mikal Mahdi foi selado às 18h01 do dia 11 de abril de 2025. O silêncio opressivo do ambiente foi despedaçado por um estrondo súbito, o som seco e implacável de três rifles disparando em uníssono. As balas, disparadas a apenas 4,6 metros de distância, atravessaram o ar com precisão mortal, encontrando o coração de Mahdi, marcado por um alvo vermelho cravado em seu peito. Ele gritou — um urro visceral, um lamento de dor e humanidade que ecoou pelas paredes de concreto, um instante de vida resistindo à morte.
Mahdi, de 42 anos, escolheu esse fim. Diante das opções que o sistema lhe ofereceu — a lenta agonia da injeção letal, que poderia prolongar seu sofrimento em uma maca fria, ou a cadeira elétrica, que prometia queimá-lo e mutilá-lo em um espetáculo de horror —, ele optou pelo pelotão de fuzilamento. “O menor dos três males”, disse seu advogado, David Weiss, em uma declaração que carregava o peso de uma escolha impossível.
Melhor os tiros, pensou Mahdi, do que ser eletrocutado até a carne ceder ou asfixiado por nitrogênio, como outros estados começaram a experimentar, sufocando a vida em uma câmara de gás moderna. Ele queria rapidez, ou pelo menos a ilusão dela.
Nenhuma Morte é Suave
Mas a morte não veio tão instantânea quanto as balas, ela demorou de forma caprichosa. Após o impacto, seus braços se contorceram, flexionando-se em um reflexo de luta contra o inevitável. Cerca de 45 segundos depois, dois gemidos roucos escaparam de sua garganta — sons guturais, como se a alma ainda se agarrasse ao corpo despedaçado. Sua respiração, rasa e desesperada, persistiu por mais 80 segundos, cada inalação uma batalha perdida contra o sangue que inundava seu peito e escapava pela boca. Ele parecia tentar um último suspiro, um sopro final de resistência, antes que o silêncio tomasse conta. Um médico, com o estetoscópio em mãos, aproximou-se do corpo inerte. Por pouco mais de um minuto, examinou o que restava de Mahdi, até pronunciá-lo morto às 18h05.
Sangue e Polvora
A cortina da sala de testemunhas, atrás de um vidro à prova de balas, abriu-se para revelar o espetáculo. Nove pessoas, incluindo repórteres e ativistas, observaram em silêncio enquanto Mahdi enfrentava seu fim. Ele não olhou para eles. Não houve declaração final, apenas o som de seu grito e os gemidos que marcaram seus últimos instantes. O alvo sobre seu coração desapareceu sob uma mancha vermelha que crescia até ficar do tamanho de um punho, como uma assinatura cruel do sistema que o condenou pelo assassinato brutal do policial James Myers em 2004.
Mahdi carregava uma história de violência e trauma. Sua infância, marcada por abusos e negligência, e sua adolescência, consumida por milhares de horas em confinamento solitário, moldaram um homem que o juiz descreveu como desprovido de humanidade. Mas, naquele momento final, quando as balas rasgaram seu peito, Mahdi foi humano — gritando, gemendo, respirando contra a morte. Ele escolheu os tiros, talvez na esperança de que fossem mais dignos, mais rápidos, menos desumanos. No entanto, a dor que o acompanhou até o fim de vida, naquele momento, foi, um lembrete de que nenhuma execução é limpa e que nenhuma morte é suave, nem a dele como a do policial James Myers.
Enquanto as testemunhas assinavam os documentos oficiais, atestando o que haviam visto, o corpo de Mahdi permanecia na cadeira, agora apenas um eco de uma vida que nunca teve chance. A câmara de execução, com sua cadeira de fuzilamento ao lado da cadeira elétrica, ficou em silêncio novamente, pronta para a próxima história a ser encerrada com sangue e pólvora.
Referencias:
South Carolina executes second man by firing squad in 5 weeks
Mikal Mahdi killed by firing squad as South Carolina pushes execution spree
Second South Carolina inmate chooses execution by firing squad
A second South Carolina death row inmate chooses execution by firing squad