JSNEWS – Diante dos inúmeros relatos de racismo que se multiplicam nas redes sociais, de que africanos estudantes e imigrantes africanos foram impedidos de cruzar a fronteira entre a Ucrânia e a Polónia para fugir à guerra, o Governo da Nigéria emitiu um comunicado apenado as autoridades polonesas a tratar os africanos “com dignidade e sem favores” como os demais refugiados que buscam a proteção na Polônia.
A chancelaria do primeiro-ministro polaco nega que haja discriminação nas fronteiras e fala em “disseminação de desinformação”.
Com o enorme êxodo verificado nos últimos dias em direção à Polônia, não são apenas cidadãos ucranianos que tentam passar pela fronteira para escapar ao conflito armado. Nos últimos dias, cidadãos de vários países da África denunciaram situações de discriminação e racismo no acesso aos comboios que saem da Ucrânia rumo ao pais vizinho.
#AfricansinUkraine the community of Africans in Ukraine stranded at the boarder much of them women and children. — This is happening now
The lady in the video is holding a 2 month old and it’s 3°c outside we are in search of aid and hostels pic.twitter.com/Ae2Iwn4zpg
— Damilare / ViF (@Damilare_arah) February 26, 2022
Episódios têm sido relatados nas redes sociais, através de pequenos vídeos e fotografias, utilizando a “hashtag” #AfricansinUkraine. Num dos vídeos, é possível ver centenas de africanos alegadamente barrados na fronteira. “Eles não deixam nenhuma pessoa negra passar pelos portões. Estamos todos aqui, mas eles só deixam passar os ‘ucranianos’, mesmo [negros] com crianças, não deixam passar”, é relatado no vídeo.
O governo da Nigéria lembrou que cerca de quatro mil nigerianos e “muitos outros cidadãos de nações africanas amigas” que estão retidos na Ucrânia. “Há uma longa história, que remonta a décadas, de nigerianos e outros africanos estudando na Ucrânia, particularmente medicina. A maioria dos cidadãos nigerianos no país, hoje são estudantes matriculados em universidades”.
“É primordial que todos sejam tratados com dignidade e sem favores. Todos os que fogem de uma situação de conflito têm o mesmo direito à passagem segura sob a Convenção da ONU e a cor do seu passaporte ou da sua pele não deve fazer diferença”, considera.
Polónia nega acusações e fala em “desinformação”
Em resposta às acusações de que tem sido alvo, a Polónia fala em relatos “falsos e ultrajantes” e nega que haja “segregação” de refugiados com base na raça ou religião.
“A Polônia admite cidadãos de diferentes países de acordo com os procedimentos existentes. Apelamos à prudência e a abster-nos de disseminar desinformação”, pode ler-se na página da chancelaria do primeiro-ministro polaco.
Stanisław Żaryn, porta-voz do ministro dos Serviços Especiais, acusou no Twitter a BBC de “propagar desinformação” após ter partilhado uma reportagem, com testemunhos em vídeos, de cidadãos africanos que denunciaram situações de racismo.
The official visuals of Ukrainians blocking Africans from getting on trains. #AfricansinUkraine pic.twitter.com/hJYpM3LY0A
— Damilare / ViF (@Damilare_arah) February 26, 2022