JSNEWS – Uma mudança legislativa radical aprovada pelo estado de Nova York nesta semana garantiu a criação de um fundo de US$ 2,1 bilhões para ajudar imigrantes sem documentos que perderam o trabalho durante a pandemia. A iniciativa é de longe a maior desse tipo no país e um sinal de mudança em direção a políticas defendidas por democratas mais radicais.
— Conheci vizinhos que não conseguiram pagar o aluguel, nem colocar comida na mesa, nem dar um laptop aos filhos quando uma escola pública não conseguiu fornecer um — disse a senadora estadual Jessica Ramos, democrata do Queens e principal proponente do fundo.
Quando a pandemia de coronavírus chegou à cidade de Nova York há um ano, ela atingiu enclaves de imigrantes em cheio, matando e destruindo os empregos nos setores de serviços e construção que sustentavam muitas famílias.
Os indocumentados é uma parte considerável da população de Nova York que era inelegível para receber a maior parte da ajuda governamental, como seguro-desemprego e cheques de estímulo federais. Agora, com a criação do fundo, eles poderão receber pagamentos únicos de até US$ 15,6 mil.
O fundo dos trabalhadores excluídos é parte do novo acordo orçamentário de US $ 212 bilhões do estado de Nova York alcançado na terça-feira, que foi um dos pontos mais controversos durante as negociações, que se arrastaram além do prazo final de 1º de abril.
Os republicanos imediatamente criticaram a medida como fora de alcance em um momento em que muitos outros nova-iorquinos ainda estavam sofrendo os impactos da pandemia, enquanto alguns democratas de distritos no interior do estado e em Long Island disseram que um programa de resgate com financiamento público para pessoas que não estão legalmente no país poderia ser usado como um argumento contra eles em futuras eleições.
A proposta, no entanto, encontrou apoio no Senado e na Assembleia estaduais, controlados pelos democratas, especialmente entre os radicais que haviam defendido esse auxilio por mais de um ano. Nos meses que antecederam o prazo de aprovação do Orçamento, os imigrantes sem documentos procuraram chamar a atenção para sua causa.
Manifestantes se reuniram em frente ao escritório do governador Andrew Cuomo e bloquearam pontes, carregando capacetes, potes, panelas, vassouras e esfregões, seus instrumentos de trabalho, junto com faixas dizendo: “Nosso trabalho salvou vidas”. E, à medida que a iniciativa se aproximava da aprovação, cerca de uma dúzia de apoiadores que acampavam ao redor de uma igreja em Manhattan fizeram uma greve de fome de três semanas que terminou na quarta-feira.
É difícil quantificar o número de famílias sem documentos que vivem em Nova York, mas o Instituto de Política Fiscal, de tendência de socialista, disse na quarta-feira que o fundo poderia beneficiar até 290 mil pessoas em todo o estado.
Uma coalizão de advogados havia pressionado por um fundo ainda maior, de US $ 3,5 bilhões. Mas muitas das negociações finais se concentraram nas restrições de elegibilidade que o governador Andrew Cuomo buscava e no tipo de documentos que os trabalhadores precisariam mostrar para se inscrever.
O texto do orçamento lista a ampla variedade de documentos que os imigrantes podem usar para comprovar a elegibilidade. Isso inclui carteiras de habilitação e carteiras de identidade emitidas pelo estado; certidões de nascimento e históricos escolares; contas de serviços públicos e extratos bancários; uma carta de um empregador; recibos de pagamento, declarações de salários ou avisos de salários; e comprovantes de pagamento de imposto de renda anteriores.
Um programa de ajuda semelhante foi promulgado na Califórnia no ano passado, quando as autoridades criaram um programa de assistência em dinheiro de US$ 75 milhões que deu a imigrantes sem documentos um pagamento único de US$ 500 por ordem de chegada.