AP – As autoridades da Indonésia elevaram nesta terça-feira, 25, para 429 o número de mortos no tsunami que atingiu o litoral do estreito de Sunda, em Sumatra e Java, após a erupção do vulcão Anak Krakatoa (“Filho de Krakatoa”). Equipes de resgate Equipes de resgate continuam a busca de mais vítimas.
O porta-voz da Agência Nacional de Gestão de Desastres (BNPB), Sutopo Purwo Nugroho, disse que também há pelo menos 154 pessoas desaparecidas. O número de feridos está em cerca de 1.500. O número de mortos não é definitivo e pode aumentar, segundo as autoridades. Mais de 5.000 pessoas estão desabrigadas.
Fortes chuvas dificultam as tarefas das equipes de resgate, que vasculham escombros ao longo de cerca de 100 km de litoral. A falta de água potável e de medicamentos complica a missão e afeta milhares de pessoas refugiadas em centros de emergência.
“Muitas crianças estão doentes, têm febre, dor de cabeça e não há água suficiente”, disse à agência France Presse Rizal Alimin, médico da ONG Aksi Cepat Tanggap, em uma escola transformada em abrigo improvisado.
Abu Salim, voluntário da associação Tagana, explicou que os voluntários conseguem apenas estabilizar a situação. “Hoje, nos concentramos na ajuda aos refugiados que estão nos centros, instalamos cozinhas, distribuímos equipes logísticas e mais barracas nos locais mais adequados”, disse.
As equipes de emergência transportam ajuda principalmente por estrada. Dois barcos do governo abastecem as ilhas próximas das costas de Sumatra, onde os habitantes estão bloqueados.
Equipes de resgate usaram máquinas pesadas, cães farejadores e câmeras especiais para detectar corpos na lama e nos destroços ao longo de 100 km da costa oeste de Java, e autoridades disseram que as buscas seriam expandidas para o sul.
“Existem vários locais que pensávamos que não tinham sido afetados”, disse à Reuters Yusuf Latif, porta-voz da agência de busca e salvamento do governo. “Mas agora estamos avançando para áreas mais remotas… e de fato há muitas vítimas lá”, acrescentou.
O tsunami invadiu praias do sul da Ilha de Sumatra e do extremo oeste de Java na noite de sábado. A onda gigante, provocada pela erupção do vulcão Anak Krakatoa (“Filho de Krakatoa”), deixou 429 mortos, 1.459 feridos e 128 desaparecidos, de acordo com o balanço mais recente. “O número de vítimas e de danos continuará aumentando”, afirmou o porta-voz da Agência Nacional de Gestão de Desastres, Sutopo Purwo Nugroho.
O presidente indonésio, Joko Widodo, visitou na segunda-feira, 24, as zonas devastadas, menos de três meses depois de outro tsunami, provocado por um terremoto, deixar milhares de mortos em Palu e na Ilha Célebes.
A China ofereceu suas condolências às famílias dos mortos e afirmou que “fornecerá ajuda” aos que foram prejudicados pela tragédia por meio da Cruz Vermelha. “Esperamos que os indonésios possam superar este desastre e voltar às suas vidas normais o mais rápido possível. A China, por meio da Cruz Vermelha, vai ajudá-los a deixar para trás estes momentos difíceis”, disse em entrevista coletiva a porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Hua Chunying.
AVALANCHE SUBMARINA
De acordo com autoridades, o tsunami pode ter sido provocado por um aumento repentino da maré provocado pela lua cheia, combinado com uma avalanche no fundo do mar após a erupção do Anak Krakatoa, que forma uma pequena ilha no Estreito de Sunda.
“A combinação provocou um tsunami repentino que atingiu a costa”, afirmou Nugroho, antes de destacar que a Agência Geológica da Indonésia trabalha para entender exatamente o que aconteceu. “O risco de tsunami no Estreito de Sunda prosseguirá alto enquanto o vulcão continuar em sua fase de atividade, porque pode provocar novos deslizamentos de terra submarinos”, alertou Richard Teeuw, da Universidade de Portsmouth.
Essa combinação de fatores e um sistema de alerta deficiente explicam o número alto de mortos, concluíram especialistas e autoridades. As erupções vulcânicas submarinas, que são relativamente incomuns, podem provocar tsunamis em razão do deslocamento repentino de água ou deslizamentos em encostas, de acordo com o Centro Internacional de Informação sobre Tsunamis.