Da Redação – O Departamento de Segurança Interna (DHS) dos Estados Unidos anunciou que está suspendendo temporariamente a análise de pedidos de green cards – o documento que concede residência permanente legal – para certos grupos de refugiados e asilados. Essa decisão deixa em uma situação de incerteza muitas pessoas que chegaram ao país em busca de segurança após fugirem de conflitos, perseguições ou crises humanitárias em suas nações de origem.
A medida, divulgada pelo Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS), uma agência subordinada ao DHS, afeta dois grupos principais: os refugiados que já foram previamente aprovados para se estabelecer nos EUA e os asilados que obtiveram proteção legal após solicitarem asilo em tribunais de imigração americanos. Por exemplo, isso pode incluir famílias que escaparam da guerra civil na Síria, indivíduos que fugiram da repressão política em países como a Venezuela ou até mesmo pessoas que deixaram o Afeganistão após a retirada das tropas americanas em 2021.
Embora tanto refugiados quanto asilados já passem por processos rigorosos de verificação de antecedentes antes de receberem qualquer tipo de autorização para permanecer nos EUA, o DHS justificou a pausa como uma medida para implementar uma “triagem adicional”. O objetivo, segundo a agência, é garantir uma análise ainda mais detalhada para identificar possíveis casos de fraude ou riscos à segurança pública e nacional.
Em um comunicado oficial, o DHS declarou: “Para melhor identificar fraudes, preocupações com segurança pública ou nacional, o USCIS está implementando uma pausa temporária na finalização de certos pedidos de Ajuste de Status, até que sejam concluídas triagens e verificações adicionais”. A decisão está alinhada com duas ordens executivas assinadas pelo ex-presidente Donald Trump durante seu mandato.
Uma dessas ordens determina que o governo federal “examine e vete ao máximo possível todos os estrangeiros que pretendam ser admitidos, entrar ou que já estejam nos Estados Unidos, especialmente aqueles provenientes de regiões ou nações com riscos de segurança identificados”. Exemplos de tais regiões poderiam incluir países como o Iêmen ou a Somália, frequentemente associados a instabilidade política ou presença de grupos extremistas, embora a diretriz não especifique nações exatas.
A suspensão foi noticiada primeiramente pela CBS News e pode afetar um número significativo de migrantes. Entre eles estão, por exemplo, os afegãos que colaboraram com as forças americanas durante o conflito no Afeganistão e foram realocados nos EUA como refugiados após a tomada de poder pelo Talibã. Outro exemplo são os centro-americanos, como hondurenhos ou guatemaltecos, que cruzaram a fronteira sul dos EUA e conseguiram asilo ao demonstrar que enfrentavam ameaças de gangues ou perseguição em seus países.
Para contextualizar, os refugiados passam por um processo de triagem extenso antes mesmo de chegar ao território americano, coordenado por agências como o Departamento de Estado e a ONU. Esse processo pode levar anos e inclui entrevistas, verificações de antecedentes e análise de documentos. Já os asilados, por outro lado, geralmente iniciam seus pedidos já dentro dos EUA, muitas vezes após cruzarem a fronteira, e precisam provar em um tribunal que enfrentam perseguição por motivos como raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas. Um caso comum seria o de uma mulher fugindo de violência doméstica extrema em um país onde as autoridades não oferecem proteção, algo que pode ser reconhecido como base para asilo.
A pausa no processamento dos green cards não significa que essas pessoas serão deportadas, mas impede que avancem no caminho para a residência permanente, o que lhes garantiria mais estabilidade, como o direito de trabalhar legalmente sem restrições ou de trazer familiares próximos para os EUA. Enquanto a triagem adicional não for concluída, muitos permanecerão em um limbo jurídico, aguardando uma resolução que ainda não tem prazo definido.