Por: Eliana Pereira Ignacio – Olá, meus caros leitores, hoje quero conversar com vocês sobre um tema que todos nós já enfrentamos em algum momento da vida: o medo. Essa emoção faz parte da nossa natureza e muitas vezes tem a função de nos proteger. Mas quando ele ultrapassa os seus limites, pode se tornar um obstáculo tão grande que mata sonhos e paralisa projetos que carregamos no coração.
Neste artigo, quero refletir com vocês sobre como aprender a reconhecer o medo sem deixá-lo nos dominar, valorizando nossa autoestima e resgatando o reconhecimento do nosso verdadeiro valor.
Afinal, quando entendemos quem somos e o que trazemos de especial, o medo perde a força e a coragem encontra espaço para florescer. Todos nós já sentimos medo diante de algo novo, desafiador ou desconhecido.
O medo é uma emoção natural e, em muitos casos, saudável, pois nos alerta para perigos e nos ajuda a agir com cautela. No entanto, quando o medo ultrapassa seus limites e passa a dominar nossas escolhas, ele pode se tornar uma prisão invisível.
É nesse ponto que muitos desistem de projetos, enterram talentos e deixam de lado sonhos que poderiam transformar sua vida.
O problema não é sentir medo, mas permitir que ele tenha mais voz do que os nossos valores e a nossa fé em quem somos. A psicologia entende o medo como uma emoção básica, essencial para a sobrevivência humana. Desde cedo, aprendemos a reconhecê-lo como um sinal de alerta: atravessar a rua sem olhar, entrar em um lugar perigoso ou expor-se a um risco real.
O medo, nesse sentido, nos protege. O problema surge quando essa emoção começa a aparecer em situações que não oferecem um perigo verdadeiro, mas sim um desafio ao crescimento pessoal. Quantas pessoas deixam de falar em público, de se candidatar a uma vaga de emprego ou de viver um relacionamento saudável apenas por acreditar que vão fracassar? Nesse caso, o medo não protege, ele paralisa.
É nesse ponto que precisamos lembrar dos nossos valores e da nossa autoestima. O medo sempre nos conta uma história: “você não vai conseguir”, “vai dar errado”, “não é para você”. Mas essas narrativas internas só se sustentam quando esquecemos quem somos e o valor que temos.
A autoestima não é uma crença mágica, é a convicção de que possuímos dons, aprendizados e experiências que nos tornam capazes de enfrentar desafios. Reconhecer os próprios valores significa a afirmar: “eu tenho algo importante a oferecer”, “minha vida tem propósito” e “meus sonhos são parte de quem eu sou”. Um dos maiores perigos do medo é que, quando não é questionado, ele cresce silenciosamente.
Uma pessoa que renuncia a um sonho por medo, sem perceber, começa a se afastar também da própria identidade. Quem deixa de escrever um livro por achar que não será aceito, quem evita um curso por acreditar que não é inteligente o suficiente, ou quem não inicia um projeto por medo de fracassar, carrega dentro de si uma sensação de vazio. Isso acontece porque nossos sonhos não são caprichos: eles representam desejos profundos ligados à nossa essência. Quando o medo sufoca os sonhos, ele também sufoca a nossa vitalidade. Mas como enfrentar essa emoção? A resposta não está em eliminar o medo — isso seria impossível —, mas em colocar limites nele. É importante aprender a perguntar: “Esse medo está me protegendo ou apenas me bloqueando?”. Muitas vezes, dar o primeiro passo, ainda que pequeno, é suficiente para perceber que o perigo não era real, e sim uma criação da nossa mente. Cada passo dado aumenta a confiança, fortalece a autoestima e reafirma nossos valores.
O medo diminui quando a coragem cresce, e a coragem cresce quando acreditamos que o nosso sonho é maior que a nossa insegurança. Outro ponto essencial é não caminhar sozinho. Compartilhar sonhos com pessoas de confiança, buscar apoio em familiares, amigos, grupos de fé ou até em acompanhamento terapêutico pode ser determinante. Muitas vezes, o olhar do outro nos lembra das qualidades que esquecemos em nós mesmos. Reconhecer o valor que temos é um exercício diário, e ninguém precisa fazê-lo isolado. O medo perde força quando é iluminado pela verdade dita em voz alta: “você é capaz, você é valioso, você tem um propósito”. Sob a perspectiva cristã, o medo não deve ser visto como uma sentença, mas como uma oportunidade de exercitar a fé. A Bíblia nos mostra várias histórias de homens e mulheres que tiveram medo, mas decidiram avançar confiando em Deus.
O medo dizia “não vai dar certo”, mas a fé lembrava que os sonhos dados por Deus não são anulados por sentimentos passageiros. Reconhecer o valor que temos como filhos de Deus é o maior antídoto contra o medo que tenta roubar nossa coragem. Quando entendemos que nossos sonhos podem ser também reflexo daquilo que Deus deseja realizar em nós e através de nós, encontramos força para seguir mesmo com receio.
Confiar em nossos valores e caminhar com coragem não significa nunca sentir medo, mas sim não deixar que ele de na quem somos ou determine o nosso destino. Cada vez que escolhemos seguir adiante apesar do medo, reforçamos a certeza de que nossa vida tem sentido e que nossos sonhos merecem ser vividos.
“Porque Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.”
(2 Timóteo 1:7)
Até a próxima semana!!
Eliana Pereira Ignacio é Psicóloga, formada pela PUC – Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualificações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University. Para interagir com Eliana envie um e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jornaldossportsusa.com