JSNEWS – Juan Carlos Lopez-Gomez, um cidadão americano de 20 anos, nascido na Geórgia, foi preso na Flórida por “aparentar” ser um indocumentado em 16 de abril quando foi parado pela policia por excesso de velocidade, ele conduzia um veiculo a 78 mph em zona de 65 mph. O policial enquadrou Lopez-Gomez como “estrangeiro não autorizado” porque ele fala Tzotzil, uma língua maia, e não inglês fluente, afinal, quem precisa de provas quando alguém não fala inglês fluentemente como idioma nativo?
No tribunal, a juíza LaShawn Riggans examinou a certidão apresentada pela mãe de Juan Carlos, Sebastiana Gomez-Perez, e declarou que o documento é autentico descartando a denúncia. Mas o ICE (Serviço de Imigração e Controle de Aduanas) pediu que ele fosse mantido detido por 48 horas, porque, aparentemente, a palavra de uma juíza e um documento oficial não bastam quando o sistema já decidiu que você “parece” deportável. O ICE chegou a listar a cidadania de Juan Carlos Lopez-Gomez como mexicana, com base em “informações biométricas” e supostas declarações dele, detalhes que, convenientemente, não foram esclarecidos.
A libertação de Juan Carlos Lopez-Gomez veio na noite de quinta-feira, 17 de abril, ele foi entregue à mãe em um estacionamento de uma rede de Fast Food Wendy’s. O caso teve ampla cobertura da mídia nacional.

Mas, e se Fosse Você
Na semana passada as autoridades de imigração dos EUA enviaram um e-mails em massa para cerca de 14 milhões de pessoas sob Status de Proteção Temporária (TPS), exigindo que elas deixem o país. Intitulado “Notificação de Encerramento de Parole” (uma permissão temporária concedida pelo governo dos EUA para que uma pessoa entre ou permaneça no país sem um visto formal ou status imigratório permanente), o comunicado ameaçava os destinatários com ações legais e encerramento de benefícios, como autorizações de trabalho.
Surpreendentemente, cidadãos americanos em Massachusetts, Arizona e Connecticut também receberam a notificação. Nicole Micheroni, advogada de Boston e cidadã americana, relatou: “Pensei que era para um cliente, ri, mas logo fiquei preocupada.”
O Departamento de Segurança Interna (DHS) admitiu que erros, como e-mails fornecidos por terceiros, causaram o equívoco e prometeu resolver casos individualmente. Micheroni esclareceu: “Cidadãos americanos não entram em parole. Esse e-mail não se aplica a nós.” Ainda assim, Kristen Harris, advogada de Chicago, recomenda cautela: “Com a fluidez na interpretação das leis, consultar um advogado é prudente.”
Casos como o de Juan Carlos, cidadão americano preso na Flórida por ser confundido com “indocumentado” devido à sua língua nativa, Tzotzil, o sotaque carregado reforçam o risco que cidadãos americanos, que falam outro um idioma como linguagem primaria em suas casas ou que “aparentam ser estrangeiros” seja lá o que isso signifique, estão expostos.
Apesar Juan Carlos ter comprovado que um cidadão americano o ICE tentou mantê-lo preso e havia determinado que ele era um mexicano, tal insistência acabou evidenciando que qualquer um pode ser vítima de ‘erros migratórios absurdos’.
O que fazer em uma situação como essa?
Se você, cidadão de fato cidadão americano, for confundido com um “indocumentado” por autoridades migratórias do seu país, aqui vai o algumas recomendações:
- Não entre em pânico, mas também não espere lógica por parte do governo, eles vão querer “te ferrar”: Como Lopez-Gomez descobriu, a lógica nem sempre prevalece. Mantenha a calma, mas saiba que você pode estar lidando com um sistema que confunde certidões de nascimento com um papel qualquer. Nicole Micheroni, advogada de Boston, diria: “Se você é cidadão, você não está em parole.” Simples, mas aparentemente não é tão obvio para todos.
- Nesses tempos, arregue suas provas de cidadania: Certidão de nascimento, passaporte, cartão de Seguro Social — tenha esses documentos sempre mão. Micheroni sugere: “Não é exagero ter documentos preparados, caso você caia em uma lista por engano.” Lopez-Gomez só foi liberado porque sua mãe trouxe a papelada ao tribunal.
- Chame um advogado, porque o bom senso não basta: Kristen Harris, advogada de Chicago, recomenda buscar ajuda jurídica imediatamente, já que a “fluidez na interpretação das leis” pode transformar um erro em uma saga. Um advogado pode garantir que sua cidadania não seja tratada como uma teoria da conspiração.
- Considere notificar as autoridades (com paciência): O DHS prometeu “monitorar” casos como o de Lopez-Gomez, mas Jonathan Grode, que também recebeu um e-mail errôneo de deportação, simplesmente “deu uma risada e deletou”. Se quiser evitar surpresas futuras, informe o erro ao ICE ou à CBP.
- Fique de olho no seu Seguro Social e outros registros: Erros como o cancelamento de números de Seguro Social de migrantes deportados podem afetar cidadãos por engano. Micheroni checou sua conta e alertou: “Erros assim têm consequências graves.” Acesse sua conta online e confirme que você não foi, por acidente, declarado um “ex-cidadão”.
Esse caso, que parece saído de uma comédia de erros, é um lembrete de que, na América de 2025, até cidadãos podem precisar provar que pertencem ao país.
Com Informações CBS – Boston Globe- Boston Herald