Eliana Pereira Ignacio é Psicóloga
Encerramos esta minissérie com um tema essencial: o retorno ao centro. Após refletirmos sobre comparação, convivência, respeito, equilíbrio e identidade, chegamos ao ponto que sustenta todos os outros — a capacidade de voltar para dentro de nós mesmos e reencontrar o que é verdadeiro, firme e não depende da aprovação externa.
Com o tempo, é comum nos afastarmos de nosso eixo. Passamos a reagir ao que os outros pensam, esperam ou exigem. Tentamos nos adaptar, provar valor, evitar críticas. Nessa dinâmica, perdemos a conexão com quem realmente somos. O retorno ao centro é o movimento inverso — e profundamente libertador.
É reencontrar a dignidade que Deus plantou em nós, lembrar que nossa identidade não precisa ser medida ou comparada. É um processo que exige coragem, humildade e maturidade: coragem para abandonar padrões antigos, humildade para reconhecer fragilidades e maturidade para entender que o que vem de fora pode afetar, mas não de ne.
Quando nos afastamos de nós mesmos, surgem padrões que drenam nossa vitalidade: comparação constante, perfeccionismo, necessidade de aprovação, medo de desagradar, dificuldade de impor limites. Isso se reflete em sintomas como ansiedade, irritabilidade e confusão interna. Nas relações, passamos a esperar do outro uma validação que só nosso centro pode oferecer.
Retornar ao centro envolve práticas como: – autorregulação emocional, – observação de gatilhos, – reconstrução de narrativas internas, – autocompaixão, – comunicação assertiva, – e limites saudáveis. O centro não é um lugar fixo, mas um espaço de prática diária.
É nele que nasce uma autoestima madura — silenciosa, estável e generosa. Uma pessoa centrada acolhe em vez de disputar, reconhece em vez de comparar, se responsabiliza pelo que lhe cabe, escolhe como agir, dialoga com a diferença e se posiciona com firmeza e respeito.
A paz interior não é ausência de conflito, mas presença de consciência. Ela surge quando deixamos de reagir ao caos externo e passamos a responder a partir do nosso eixo interno. Retornar ao centro é reorganizar prioridades, abandonar batalhas desnecessárias, cuidar de si sem culpa e cultivar serenidade como disciplina espiritual. Na perspectiva cristã, esse centro é Deus — Aquele que nos formou, nos conhece e nos chama pelo nome.
Não fomos criados para competir, mas para viver com propósito. Quando reencontramos esse centro divino, nossa identidade se fortalece e nossa convivência se torna mais leve. Que esta série seja mais do que reflexão: seja um convite real a um movimento — ainda que pequeno — em direção ao seu próprio centro. Toda mudança começa com um gesto simples: a decisão de voltar para dentro, ouvir a alma e escolher a paz como destino.
“Tu conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito está firme, porque em Ti confia.” — Isaías 26:3
Eliana Pereira Ignacio é Psicóloga, formada pela PUC – Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualificações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University. Para interagir com Eliana envie um e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jornaldossfiportsusa.com


