JSNEWs – Para muitos imigrantes brasileiros nos Estados Unidos, a busca por um emprego é uma necessidade urgente, especialmente para aqueles em situação de vulnerabilidade, como os indocumentados. A esperança de uma vida melhor, porém, pode ser explorada por golpistas que utilizam promessas de trabalho atraentes para enganar, roubar informações pessoais ou até mesmo envolver vítimas em situações muito mais graves, como tráfico humano, trabalho escravo ou atividades criminosas.
Esses golpes, cada vez mais comuns e que não conhecem fronteiras, assim como no Brasil, a internet permite que criminosos atuem em qualquer parte do mundo, e os imigrantes indocumentados, já fragilizados devido sua situação migratória, tem receio de procurar as autoridades policiais devido retórica que criminaliza estrangeiros.
De acordo com o Centro de Reclamações de Crimes na Internet do FBI, os golpes de emprego triplicaram desde 2020 nos Estados Unidos. Em 2024, as vítimas perderam cerca de 501 milhões de dólares, com uma média de 3 mil dólares por pessoa. Muitos desses esquemas começam com anúncios falsos ou mensagens enviadas por redes sociais, como LinkedIn, Facebook, WhatsApp ou Telegram, prometendo salários altos, benefícios generosos ou a chance de “trabalhar de casa”. Para imigrantes brasileiros, essas ofertas podem parecer uma tábua de salvação, mas, como diz o ditado, “quando a esmola é muita, o santo desconfia”.
Muitas vezes, o que parece uma oportunidade é apenas uma armadilha.
Os golpistas sabem explorar a vulnerabilidade de imigrantes, especialmente os indocumentados, que podem hesitar em buscar ajuda por medo de represálias ou deportação.
Um caso relatado pelo jornal The Washington Post ilustra bem isso: uma mulher recebeu uma oferta de emprego remoto como transcritora, com a promessa de um bônus de 250 dólares para treinamento. O suposto recrutador, que se apresentou como “Edward Mueller”, pediu que ela comprasse equipamentos caros e fornecesse dados bancários antes de começar. Desconfiada, ela percebeu que “algo não parecia correto” ao notar que o processo era apressado e que não havia informações verificáveis sobre o tal Mueller ou mesmo a organização que ele disse representar. Esse tipo de golpe é comum e pode ser apenas o começo de problemas maiores.
Além de roubar dinheiro ou informações pessoais — como CPF, Seguro Social, passaporte ou dados bancários ou mesmo solicitar dados do cartão de credito —, algumas dessas “ofertas” escondem perigos ainda mais graves. Criminosos podem usar falsas vagas de emprego como isca para redes de tráfico humano ou trabalho escravo, onde as vítimas são exploradas em condições desumanas. Outros esquemas tentam cooptar pessoas para atividades ilícitas, como o transporte de drogas — as chamadas “mulas” —, seja dentro dos Estados Unidos ou entre países. Para um imigrante, aceitar uma dessas propostas pode significar não apenas a perda de dinheiro, mas também a entrada em um ciclo de violência e crime do qual é difícil escapar.
Então, como se proteger? Primeiro, desconfie de qualquer oferta que exija pagamento antecipado, seja para “equipamentos”, “treinamento” ou “taxas de cadastro”.
Empresas legítimas nunca pedem dinheiro para contratar alguém.
Segundo, verifique a empresa por conta própria, usando o site oficial dela, e evite clicar em links enviados por mensagens não solicitadas. Como alerta o FBI, empregadores verdadeiros só pedem informações bancárias após a contratação oficial, nunca antes.
Se a oferta vier por redes sociais, cheque o perfil do remetente: golpistas frequentemente usam contas falsas ou recém-criadas. Por fim, se algo parecer estranho, confie no seu instinto — o “frio na barriga” o “arrepio” aquele “pressentimento” o “bom demais para ser verdade” pode ser o sinal de que algo está errado.
Para imigrantes brasileiros, especialmente os indocumentados, a cautela é ainda mais importante. A falta de documentos pode limitar o acesso a empregos formais, mas isso não significa que você deva aceitar qualquer proposta sem investigar. Converse com pessoas de confiança na comunidade, busque orientação em organizações que apoiam imigrantes e, se possível, denuncie golpes às autoridades ou às plataformas onde eles aparecem.
Lembre-se: o crime não tem fronteiras, mas sua segurança depende de estar sempre um passo à frente dos golpistas.