JSNEWS – Em uma operação conduzida pelo Serviço de Imigração e Controle Alfandegário dos EUA (ICE) e pelo Departamento de Justiça (DOJ), cinco indivíduos foram presos na Louisiana, na manhã de 16 de julho, acusados de integrar um esquema de fraude que envolvia a venda de relatórios policiais falsos para imigrantes em busca de vistos especiais. O caso, que expôs corrupção em pequenos departamentos policiais, chocou a comunidade local e reacendeu debates sobre a integridade do sistema de imigração americano.
O indiciamento, composto por 62 acusações e emitido pelo Escritório do Procurador dos EUA no Distrito Ocidental da Louisiana, detalha como os acusados falsificavam relatórios policiais para qualificar imigrantes indocumentados ao visto U, destinado a vítimas de crimes graves que cooperam com investigações policiais. Os relatórios fraudulentos, vendidos por valores entre algumas centenas e milhares de dólares, afirmavam que os imigrantes haviam sofrido crimes a mão armada, que nunca ocorreram.
A fraude permitia que os solicitantes pleiteassem residência legal nos EUA, explorando a vulnerabilidade de uma população em busca de regularização.
Os acusados, conforme revelado pela Associated Press e pelo Los Angeles Times, são:
- Chad Doyle, chefe de polícia de Oakdale;
- Glynn Dixon, chefe de polícia de Forest Hill;
- Tebo Onishea, ex-chefe de polícia de Glenmora;
- Michael “Freck” Slaney, Marshal da Ward 5 em Oakdale (um Marshal nos EUA é um oficial eleito ou nomeado responsável por funções policiais locais. Esse cargo pode ser semelhante ao de um chefe de polícia, mas geralmente está vinculado a uma jurisdição menor, como um município ou distrito específico);
- Chandrakant “Lala” Patel, empresário local que operava uma loja de sanduíches Subway em Oakdale, que Segundo as autoridades, coordenava o esquema, pagando cerca de US$ 5.000 por relatório falso aos policiais envolvidos.
A operação, conduzida por agentes do ICE em Nova Orleans, foi anunciada em comunicado oficial, destacando a colaboração com autoridades locais e federais. “Este caso demonstra como a corrupção pode comprometer a confiança pública e explorar comunidades vulneráveis”, declarou um porta-voz do ICE.
A investigação revelou que o esquema gerou centenas de relatórios falsos, beneficiando potencialmente dezenas ou até centenas de imigrantes que, muitas vezes, desconheciam a natureza ilícita dos documentos adquiridos.
As acusações incluem conspiração, fraude de imigração, suborno, fraude postal e lavagem de dinheiro. O envolvimento de figuras de autoridade, como Doyle, Dixon, Onishea e Slaney, agrava a gravidade do caso, evidenciando abusos de poder em posições de confiança. Patel, por sua vez, teria desempenhado um papel central ao conectar os policiais corruptos aos imigrantes, cobrando taxas exorbitantes pelos serviços.
A notícia gerou forte indignação, refletida em postagens no X, como as de veículos como Telemundo e The Press-Enterprise. “É revoltante que autoridades policiais explorem imigrantes em vez de protegê-los”, escreveu um usuário, mostrando o sentimento de repúdio da comunidade. O caso também levantou questionamentos sobre a supervisão de pequenos departamentos policiais e a necessidade de reformas para prevenir práticas corruptas.
No contexto político, o escândalo ocorre em meio às políticas de imigração rigorosas da administração Trump, que, desde seu retorno ao poder em 2025, intensificou a fiscalização e prometeu deportações em massa. A fraude envolvendo o visto U, um programa criado para proteger vítimas de crimes, compromete a credibilidade desse mecanismo e reforça a narrativa de endurecimento contra a imigração ilegal.
Os cinco acusados – Chad Doyle, Glynn Dixon, Tebo Onishea, Michael Slaney e Chandrakant Patel – enfrentarão julgamento, com penas que podem incluir anos de prisão e multas significativas, dependendo das acusações. O DOJ informou que as investigações prosseguem para identificar possíveis cúmplices ou esquemas semelhantes em outras regiões. Além disso, os vistos U concedidos com base nos relatórios falsos estão sob revisão, o que pode resultar na revogação de permissões de residência para alguns imigrantes, muitos dos quais podem ter sido vítimas do esquema.
Organizações de defesa dos direitos dos imigrantes já se manifestaram, solicitando que os afetados não sejam penalizados e que alternativas de regularização sejam oferecidas. O caso reforça a necessidade de maior transparência e fiscalização no sistema de imigração e nos departamentos policiais, especialmente em pequenas comunidades onde a supervisão pode ser insuficiente.
Este escândalo serve como um alerta sobre os desafios enfrentados por imigrantes indocumentados e a facilidade com que sistemas de proteção podem ser manipulados.