Nova Orleans (EUA) – A Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) inicia nesta segunda-feira (1º de dezembro de 2025) a operação “Swamp Sweep”, uma ação federal de dois meses destinada a deter cerca de 5 mil imigrantes indocumentados no sudeste de Louisiana e partes do Mississippi. Anunciada para esta data de acordo com documentos internos obtidos pela Associated Press (AP) e fontes familiarizadas com o planejamento, a operação representa o maior teste até o momento da estratégia de deportações em massa da administração Trump, concentrando cerca de 250 agentes federais em áreas industriais e comunidades ao redor de Nova Orleans.
Liderada pelo comandante da Patrulha de Fronteira Gregory Bovino – arquiteto de ações semelhantes, como a “Operation Charlotte’s Web” na Carolina do Norte –, a “Swamp Sweep” foca em inspeções direcionadas a locais de trabalho, como fazendas, canteiros de obra e indústrias dependentes de mão de obra imigrante, conforme relatórios da AP e do Departamento de Segurança Interna (DHS). Agentes começaram a se posicionar antes do feriado de Ação de Graças, utilizando a Base Aérea Naval de Reserva Conjunta em Nova Orleans por até 90 dias, para montar a logística da operação.
O governador republicano de Louisiana, Jeff Landry, endossa integralmente a iniciativa, descrevendo-a como “remoção de criminosos perigosos” em declaração ao Newsweek e à WAPT News, alinhando-se à agenda federal de reforço à aplicação da lei de imigração.
Leis estaduais recentes, incluindo a obrigatoriedade de cooperação com a ICE e a criminalização de obstrução a ações federais, facilitam o andamento da operação, segundo a Associated Press.
No entanto, em Nova Orleans – uma cidade administrada por democratas e conhecida por sua resistência histórica a varreduras federais –, a recepção é de apreensão e oposição. A prefeita LaToya Cantrell e o departamento de polícia local classificam a imigração como “questão civil” fora de sua jurisdição, recusando cooperação, conforme reportado pela AP e pelo Jefferson City News-Tribune.
A cadeia municipal, sob supervisão judicial federal desde 2022, cumpre apenas uma fração mínima das requisições de detenção da ICE – duas de 170 nos últimos três anos –, o que pode complicar as remoções.
Advogados de imigração em Nova Orleans, como David Lopez de Metairie, preveem um “surto de chamadas” para suas firmas, com clientes se preparando para possíveis detenções. “É importante que os imigrantes conheçam seus direitos e façam preparativos em caso de prisão”, alertou Lopez ao WVUE-TV, destacando o foco em direitos dos detidos e potenciais violações.
Empresários locais, como Amanda Toups, expressam temores econômicos: “Se você assusta 5% do turismo, é devastador. Você é moreno, anda pela rua e pode ser abordado pela ICE mesmo sendo cidadão americano?”, questionou ela à AP.
Contexto Nacional e Impactos Projetados
Essa operação insere-se em uma série de ações federais em cidades democratas de estados republicanos, incluindo Charlotte (NC), Los Angeles (CA) e Chicago (IL), com o objetivo de remover pelo menos 1 milhão de indocumentados anualmente, conforme estimativas do DHS e análises do Fox News e do Lynnwood Times. Críticos, como o ACLU e sindicatos locais, argumentam que as varreduras geram medo desnecessário e danos econômicos, sem foco real em segurança pública.
Defensores, incluindo o congressista republicano de Mississippi Michael Guest, elogiam a ICE por capturas de “crimes violentos e contra crianças”.
Nas redes sociais, como o X (antigo Twitter), o tema ganha tração: posts desta segunda-feira mencionam o início oficial da operação, com vídeos de ações passadas e alertas de ativistas, acumulando milhares de visualizações.
O DHS não emitiu comunicados detalhados até o momento, citando “segurança operacional”, mas promete relatórios semanais sobre “remoções bem-sucedidas”. Enquanto os agentes avançam pelos bayous e ruas de Nova Orleans, a “Swamp Sweep” expõe as fissuras entre autoridade federal e autonomia local, entre economia pantanosa e política nacional. Em um estado onde a agricultura e o turismo dependem de imigrantes, o impacto pode reverberar além das algemas – e os próximos dias dirão se os pântanos engolirão mais do que apenas aligátores.


