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O Papa Leão XIV reuniu-se na ultima quinta-feira com líderes sindicais de Chicago e exortou-os a defenderem os imigrantes e acolherem minorias em suas fileiras, pronunciando-se enquanto a repressão da administração Trump contra imigrantes se intensifica na cidade natal do pontífice.“Ao reconhecer que políticas apropriadas são necessárias para manter as comunidades seguras, encorajo-vos a continuar defendendo uma sociedade que respeite a dignidade humana dos mais vulneráveis”, afirmou Leão. A audiência foi agendada antes do envio de tropas da Guarda Nacional para proteger propriedades federais na região de Chicago, incluindo um prédio do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE), que tem sido palco de confrontos esporádicos entre manifestantes e agentes federais.
O cardeal de Chicago, Blase Cupich, que acompanhou os líderes sindicais, afirmou que Leão estava plenamente ciente da situação local. Em entrevista à Associated Press, Cupich destacou que o papa tem reiterado, inclusive em comentários recentes, que migrantes e pobres devem ser tratados de maneira que respeite sua dignidade humana. “Eu realmente não precisei contar muito a ele, pois ele parecia estar bem informado sobre o que está acontecendo”, disse Cupich à AP após a reunião. Ele relatou que Leão instou os bispos americanos a “falarem com uma só voz” sobre a questão. Cupich afirmou que espera que a reunião de novembro da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA coloque a imigração como prioridade na agenda.“Este tema precisa estar em primeiro plano agora. É a questão do momento, e não podemos fugir dela”, declarou Cupich.
Líderes católicos nos EUA têm condenado a repressão da administração Trump, que separou famílias e gerou temores de que pessoas possam ser detidas e deportadas a qualquer momento. A administração, por sua vez, defende a repressão como medida para garantir a segurança pública e nacional.“Leão quer que nós, bispos, asseguremos que falemos em defesa dos indocumentados ou de qualquer pessoa vulnerável, para preservar sua dignidade”, disse Cupich. “Todos devemos lembrar que compartilhamos uma dignidade comum como seres humanos.”
Cupich expressou estar encorajado pelos comentários de Leão na semana anterior, nos quais o papa defendeu a decisão do cardeal de homenagear o senador de Illinois, Dick Durbin, por seu trabalho em prol dos imigrantes. A homenagem enfrentou objeções de alguns bispos conservadores dos EUA devido ao apoio de Durbin, um influente senador democrata, ao direito ao aborto, o que levou o senador a declinar do prêmio.Essa foi a segunda reunião em dois dias na qual o primeiro papa americano da história ouviu diretamente um bispo dos EUA que atua na linha de frente da repressão migratória. Na quarta-feira, o bispo de El Paso, Mark Seitz, entregou a Leão cartas de famílias de imigrantes em desespero.
Cupich estava em Roma para reuniões no Vaticano e também para acompanhar um grupo de escolares de Chicago que receberam uma saudação especial de Leão durante sua audiência geral de quarta-feira. As crianças haviam encenado um “conclave simulado” em sua escola na primavera passada, e imagens de suas deliberações viralizaram online enquanto o conclave real ocorria em Roma. Elas compareceram à audiência vestidas como cardeais, guardas suíços e até como o próprio papa.