Todas as vezes que converso com o best-seller e palestrante Andrea Iorio, um dos italianos mais brasileiros que conheço, me vêm à mente as interrogações: “Será que eu estou mudando com a mesma rapidez em que o mundo está mudando? Na rapidez em que a tecnologia está mudando? Ou na rapidez em que os meus seguidores, clientes e negócios estão mudando?”
DIFÍCIL RESPONDER
A tecnologia exponencial dos anos 2020 é uma realidade que nos deixa apenas uma alternativa: adaptarmo-nos ou ficar pelo caminho. Iorio, que no Brasil passou pelo Tinder e L’Oréal antes de se lançar como escritor e palestrante (hoje, um dos 10 mais requisitados do País), decidiu se aprofundar no tema, embasado pelos dados.
Em uma pesquisa realizada por ele e seu time com 264 RHs – 70% dos quais de empresas com mais de 500 colaboradores e operantes em 20 setores da economia brasileira –, Iorio buscou ter um maior entendimento de como as competências humanas vêm sendo enxergadas e abordadas pelas organizações.
Em um cenário digital onde a aceleração exponencial da tecnologia ameaça substituir algumas de nossas principais funções cognitivas e até demonstra performar melhor do que nós, “nos resta resgatar as nossas características mais humanas para sermos complementares à tecnologia, e não substituíveis por ela”, me diz ele.
CONCORDO
Falando da pesquisa, surpreendentemente, 82% dos respondentes declaram que existe um gap maior no que se refere às soft skills (competências socioemocionais) e hard skills (competências técnicas ou mensuráveis) entre seus colaboradores. Tão somente 42% asseveram que “há um programa formal de treinamento” de soft skills em suas empresas. “De forma geral, o fato de os resultados da pesquisa apontarem para uma discrepância avassaladora entre o nível soft skills de seus colaboradores, em comparação com o nível de hard skills, não me surpreendeu, assim como não deve surpreender a maioria.O levantamento mostrou ainda que, para 93% dos RHs pesquisados, é melhor o candidato ter soft skills, mesmo sem conhecimento técnico sufi ciente, do que o contrário”. Segundo Iorio, muitas empresas ainda focam em um leque de habilidades erradas na hora de contratar talentos ou desenvolver seus colaboradores: “A minha percepção é que isso não nasce de uma falta de vontade, pois, em minhas mais de 100 palestras por ano para organizações tradicionais, vejo muita vontade de transformação rumo às soft skills. Se trata de uma herança que o mundo analógico nos deixou, ou seja, que o potencial de um profissional é medido por sua efi ciência, produtividade, Quociente Intelectual, e fundamentalmente hard skills, pois são mais fáceis de se medir e de se tangibilizar”.
FONTE :epocanegocios.globo.com. Texto : *Marc Tawil