FSP – Quase dois mil brasileiros tiveram sua entrada negada em aeroportos mexicanos de janeiro a abril deste ano. Com 1.846 viajantes brasileiros impedidos de entrar no país, a rejeição é quatro vezes maior do que as rejeições no mesmo período em 2020 e também em 2019, no pré-pandemia. O objetivo do governo mexicano é impedir a entrada de pessoas que queiram atravessar a fronteira terrestre e entrar nos EUA de forma irregular.
Segundo apurou a Folha de S. Paulo, 78 pessoas foram impedidas em um único dia, 8 de abril, o número foi maior do que março do ano anterior inteiro. O assunto virou alerta na Polícia Federal de Minas Gerais, que emitiu uma nota alertando para um “aumento da recusa de entrada de brasileiros pelas autoridades mexicanas nos procedimentos de imigração dos aeroportos”. Os viajantes que foram impedidos de entrar no México e aguardam repatriação dentro do aeroporto contam que sofrem maus-tratos por parte dos policiais, condições precárias de alojamento e não conseguem se comunicar com familiares.
De janeiro a abril de 2021, mais de 79 mil brasileiros viajaram para o México. A média, na pré-pandemia, é de 350 mil por ano. O motivo do aumento é que o México não exige visto e é um dos poucos países abertos, neste momento, para voos saindo do Brasil. As leis mexicanas não consideram irregularidades migratórias como crimes, e os repatriados teoricamente não têm impedimento de voltar ao país. Mas, na prática, uma futura viagem pode dar dores de cabeça.
Coiotes fazem promessas falsas de fronteiras abertas
A crise econômica decorrente da pandemia e a derrota do republicano Donald Trump para o democrata Joe Biden na eleição presidencial de 2020 levaram a uma explosão da imigração irregular para os EUA. O número de detenções na fronteira com o México em 2021 já é o maior em 20 anos.
Em Governador Valadares (MG), conhecido polo de emigração de brasileiros para os EUA, o movimento de saída é grande. Ali do lado, Sobrália, uma minúscula cidade de cerca de 5.000 habitantes que tem a maior proporção do país de emigrantes em relação à população.
Segundo a Polícia Federal de Minas Gerais, coiotes, criminosos que cobram até US$ 20 mil para levar imigrantes, têm feito até palestras prometendo, falsamente, que as fronteiras estão abertas depois da posse de Biden. Apesar de algumas flexibilizações terem sido feitas, as restrições à entrada de quem não tem visto seguem em vigor.
Para muitos, o sonho americano não termina bem. Além das prisões e deportações, eles estão sujeitos a sequestros, extorsões, abusos sexuais e outras violências por parte dos coiotes mexicanos, muitos ligados a cartéis de drogas.
Uma parte morre durante a travessia no deserto ou no rio Grande.