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O pastor brasileiro Albert Oliveira, sua esposa Caroline Schuster Oliveira, de nacionalidade alemã, e o filho de três anos deixaram voluntariamente os Estados Unidos no início de novembro de 2025, após o término de seu visto R-1, destinado a trabalhadores religiosos. A família, que residia em Gordon, no Texas, optou pela saída para evitar o status de indocumentada, apesar de anos de esforços legais para permanecer no país.
Oliveira liderava a Primeira Igreja Batista de Gordon, uma pequena congregação que experimentou crescimento significativo sob sua liderança. Originário do Brasil, Oliveira chegou aos EUA em 2011 com visto de estudante F-1 para cursar Missões Interculturais e Psicologia, obtendo posteriormente mestrado em Missiologia pelo Seminário Teológico Batista do Sudoeste (SWBTS). Casou-se com Caroline e mudou-se para Gordon há cerca de sete anos, inicialmente como ministro de jovens. Há três anos, assumiu o pastorado titular.
Durante a pandemia de COVID-19, ajudou a manter a igreja ativa, promovendo parcerias ministeriais em Honduras, Brasil e Nova York. A congregação, que já considerava fechar as portas devido à baixa frequência, agora planeja expandir o santuário, com batismos mensais e conversões regulares. Nos últimos cinco anos, a família viveu com visto R-1 temporário. Oliveira solicitou a transição para o EB-4, caminho para residência permanente, mas enfrentou um backlog recorde no sistema de imigração.
Dados do U.S. Citizenship and Immigration Services (USCIS) indicam 11,3 milhões de pedidos pendentes, com o número de petições EB-4 saltando de 71.147 em março de 2022 para 214.771 em março de 2025 — aumento de 200%. Apenas 10 mil vistos EB-4 são concedidos anualmente.
Mudanças na administração Biden, que incluíram migrantes menores não acompanhados de El Salvador, Honduras e Guatemala na mesma fila de religiosos, agravaram a demora. Um pedido de revisão acelerada, apoiado pelo deputado republicano Roger Williams desde abril de 2024, foi negado pelo Departamento de Estado devido à alta demanda e limitações de disponibilidade.
No culto de despedida, em um domingo de início de novembro, mais de 200 fiéis lotaram a igreja em um serviço marcado por emoção. Oliveira agradeceu à comunidade, que o surpreendeu com um almoço de homenagens. “Sinto-me amado, mas também decepcionado com as pessoas no poder”, declarou ele à CBS Texas. “Parece derrota, honestamente. Lutamos por dois anos e agora voltamos para casa.”
Para Oliveira, a decisão reflete princípios éticos e religiosos. “Chegamos dentro da lei, ficamos dentro da lei e sairemos dentro da lei”, resumiu em entrevista ao The Christian Post. “Se a lei não oferece justiça àqueles que a cumpriram, cabe à consciência dos que estão no poder fazer o que é certo. Deus está no controle e usará nossas vidas para tocar corações e mudar esta questão.”
O caso ilustra um problema maior para líderes religiosos estrangeiros. Estudos da World Relief indicam que quatro em cada cinco pessoas em risco de deportação nos EUA se identificam como cristãs. Desde o início da atual gestão, cerca de 1,6 milhão de imigrantes optaram pela autodeportação voluntária.
Uma proposta bipartidária, o Religious Workforce Protection Act, apresentada em abril de 2025 pelos senadores Tim Kaine (democrata), Susan Collins e Jim Risch (republicanos), permitiria que trabalhadores religiosos com EB-4 pendente permaneçam nos EUA até a resolução. O projeto permanece em comissão.
A família Oliveira seguiu para o Brasil, com planos de passar tempo na Alemanha antes. Oliveira pretende solicitar novo R-1 em um ano e continuar pregando remotamente via transmissões ao vivo. “Não queria acreditar que teríamos de partir, mas agora está acontecendo”, disse. “Acreditamos que, apesar de tudo, nossa igreja permanecerá unida.” Ele reforça: “Deus continuará a agir — aqui, no Brasil ou onde Ele nos enviar.”


