Da Redação – No dia 16 de março de 2025, o governo dos Estados Unidos deportou mais de 200 venezuelanos para El Salvador, transferindo-os para o Centro de Confinamento de Terroristas (Cecot), uma prisão de segurança máxima. A ação, que ignorou uma ordem judicial americana suspendendo o uso da Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798, foi justificada como parte de uma campanha contra o Tren de Aragua, gangue venezuelana classificada como organização terrorista pelas autoridades americanas. Contudo, familiares dos deportados têm se pronunciado energicamente, negando qualquer envolvimento de seus parentes com atividades criminosas e exigindo esclarecimentos sobre o processo.
Familiares entrevistados por diversos veículos de comunicação dos Estados Unidos afirmam que os deportados são, em sua maioria, trabalhadores honestos sem histórico criminal. “Meu filho não é delinquente, nunca esteve ligado ao Tren de Aragua”, declarou Maria González, mãe de um jovem de 24 anos deportado, em entrevista ao site La Otra Versión. Ela relata que seu filho, um pedreiro que vivia em Houston há dois anos, foi detido por causa de uma tatuagem que, segundo as autoridades, seria um sinal de afiliação à gangue. “Era só uma tatuagem de uma flor, feita por gosto, não tem nada a ver com crime”, lamentou Maria, que não tem notícias dele desde a deportação.
Outro caso é o de Carmen Pérez, cuja família acredita que seu irmão, José, um motorista de aplicativo em Miami, foi injustamente deportado. “Ele trabalhava dia e noite para nos sustentar na Venezuela. Nunca teve problemas com a lei”, disse Carmen ao canal Efecto Cocuyo. Segundo ela, José foi preso em uma blitz policial e, sem explicação clara, acabou na lista de deportados. A família tenta localizá-lo, mas não obteve respostas das autoridades americanas ou salvadorenhas.
Solanyer Sarabia, de Caracas, também protesta contra a detenção de seu irmão, detido em Dallas. “Um oficial do ICE disse que ele foi preso por causa de uma tatuagem de rosa, mas ele não é criminoso. Era só um desenho que ele achou bonito”, afirmou ela à Reuters. Sem acesso a informações oficiais, Solanyer teme que ele esteja entre os enviados ao Cecot, onde as condições são notoriamente duras.
A operação, coordenada com o presidente salvadorenho Nayib Bukele, que recebeu US$ 6 milhões para abrigar os deportados por um ano, tem sido alvo de críticas. Enquanto Bukele exibe vídeos dos homens algemados e com cabeças raspadas, organizações como a ACLU denunciam a falta de devido processo. O governo americano, por meio de Karoline Leavitt e Tom Homan, insiste que os deportados são perigosos, mas não apresentou provas específicas. Já os familiares, desesperados, continuam a clamar pela verdade, afirmando que a criminalização generalizada está destruindo vidas inocentes. O caso segue em disputa nos tribunais, mas a incerteza persiste para aqueles deixados para trás.