REUTERS – Fragmentos do vírus da varíola do macaco foram detectados no sêmen em uma série de pacientes infectados na Itália, levantando questionamentos sobre se a transmissão sexual da doença é uma possibilidade, afirmaram cientistas nesta segunda-feira.
O entendimento atual é que o vírus causador da doença se espalha pelo contato próximo com uma pessoa infectada, que pode transmitir por meio das lesões características na pele ou por gotículas grandes espalhadas pelo sistema respiratório. Muitos dos casos do atual surto estão entre parceiros sexuais que tiveram contatos desse tipo.
No entanto, casos de doenças sexualmente transmissíveis como o HIV/Aids, clamídia e sífilis são conhecidos por serem causados por patógenos que passam de um pessoa para outro especificamente pelo sêmen, secreções vaginais e outros fluídos corporais.
Pesquisadores do Instituto Spallanzani, um hospital e centro de pesquisa em doenças infecciosas em Roma, foram os primeiros a destacar as evidências do vírus da varíola do macaco no sêmen de quatro pacientes na Itália em um relatório no dia 2 de junho.
Desde então, seis de sete dos pacientes no instituto tiveram material genético do vírus encontrado no sêmen. Em um deles, uma amostra testada no laboratório de um dos pacientes sugere que o vírus encontrado em seu sêmen era capaz de infectar outra pessoa e de se replicar.
Esses dados, que estão sendo apresentados para publicação, não representam evidências suficientes para provar que as características biológicas do vírus tenham se alterado a ponto de seu modo de transmissão ter evoluído, afirmou à Reuters Francesco Vaia, diretor-geral do instituto.
“No entanto, ter um vírus infeccioso no sêmen é um fator que faz a balança pender fortemente para o lado da hipótese de que a transmissão sexual pode ser uma das maneiras nas quais o vírus é transmitido”, disse.