Da redação (Com informações da AFP) – A Pfizer assinou um acordo de licença voluntária para permitir que sejam produzidas versões genéricas do comprimido contra a covid-19 elaborado pela farmacêutica. O anúncio foi feito hoje pelo laboratório americano e a organização MPP (Medicines Patent Pool).
Os fabricantes de medicamentos genéricos “que receberem sublicenças poderão oferecer o novo medicamento em associação com ritonavir (utilizado contra o vírus da aids) em 95 países, que cobrem quase 53% da população mundial”, afirmou um porta-voz da Unitaid, que criou a MPP.
No início de novembro, a Pfizer, que já comercializa com o grupo alemão BioNTech uma das vacinas mais eficientes contra o coronavírus, anunciou que seu antiviral oral PF-07321332 tem eficácia de 89% para prevenir hospitalização ou morte entre os adultos com risco elevado de desenvolver uma forma grave da doença, de acordo com resultados intermediários de testes clínicos.
Com o acordo, a Pfizer avança na mesma área que a rival MSD (Merck Sharp & Dohme), que anunciou um pacto similar com a MPP para seu medicamento oral contra a covid-19, o molnupiravir, que também apresenta boa taxa de eficácia.
Brasil fica de fora
Com esse acordo os fabricantes de genéricos ao redor do mundo que obtenham uma sub-licença poderão manufaturar o remédio e fornecê-lo a 95 países. O Brasil, entretanto, não está incluído nessa lista: o país terá que comprar o medicamento diretamente da Pfizer, provavelmente a preços mais altos do que os das versões genéricas.
Ao jornal americano “The New York Times“, o brasileiro Felipe Carvalho, coordenador da campanha da ONG Médicos Sem Fronteiras pelo acesso a medicamentos no Brasil, lamentou a exclusão do país do acordo.
“É escandaloso que um país com uma carga pesada [na pandemia] como o Brasil seja mais uma vez deixado para trás no acesso ao tratamento”, disse Carvalho. Até segunda-feira (15), o país já havia registrado 611.384 mortes pela Covid-19.
Carvalho lembrou que, embora o Brasil seja considerado de um país de renda média alta, 75% dos brasileiros dependem exclusivamente do SUS – e poucos podem pagar por tratamentos caros.
Outros países – como Líbia, China, Cuba, Iraque, Rússia e Jamaica – também foram excluídos do acordo.
Os fabricantes de genéricos têm até 6 de dezembro para manifestar interesse em fabricar o remédio; fabricantes brasileiros poderão participar, mas suas “versões” do medicamento só poderão ser exportadas – e não vendidas para o mercado nacional.