Brasília, 16 de dezembro de 2025 – A Polícia Federal (PF) iniciou nesta terça-feira a Operação Dark Bet (que significa “aposta escura” em tradução livre), visando desarticular uma organização criminosa especializada no aliciamento de brasileiros para envio ao exterior, onde eram submetidos a exploração laboral e coação para a prática de crimes cibernéticos.
As investigações revelaram que as vítimas eram recrutadas por meio de redes sociais e plataformas digitais, atraídas por promessas de altos salários e oportunidades de emprego em empresas do setor de jogos online. Na realidade, tratava-se de uma empresa de apostas esportivas (conhecida como “bet”), responsável pela operação de duas plataformas no território nacional.
Uma vez no exterior – com indícios de que o destino principal era a Nigéria –, os trabalhadores enfrentavam condições degradantes: jornadas exaustivas, retenção de documentos, restrição de liberdade, vigilância armada e imposição de dívidas para mantê-los subjugados. Além disso, eram coagidos a participar de atividades criminosas digitais, como fraudes cibernéticas.
A operação teve origem na prisão de 109 pessoas na Nigéria, incluindo cinco brasileiros, acusados de crimes cibernéticos, o que permitiu à PF traçar conexões com o esquema de recrutamento no Brasil.
Nesta manhã, foram cumpridos:
- 4 mandados de prisão temporária;
- 11 mandados de busca e apreensão em cinco estados: São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Ceará e Maranhão.
A Justiça Federal determinou medidas cautelares adicionais, como:
- Suspensão das atividades das empresas envolvidas;
- Retirada do ar das duas plataformas de apostas online operadas pelo grupo;
- Bloqueio e sequestro de bens e valores superiores a R$ 446 milhões, visando descapitalizar a organização.
Os investigados responderão por crimes graves, entre eles tráfico internacional de pessoas para fins de exploração laboral, redução à condição análoga à de escravo, associação criminosa e outros delitos correlatos.
A Operação Dark Bet representa mais um capítulo no esforço das autoridades para coibir abusos no setor de apostas online, que, apesar da recente regulamentação no Brasil, ainda abriga práticas ilícitas transnacionais. As apurações continuam, com o objetivo de identificar eventuais vítimas adicionais e ampliar a responsabilização dos envolvidos.


