Veja o vídeo no fim da reportagem –
Da Redação -Um homem investigado pela morte a tiros de um apoiador de Trump na cidade americana de Portland, no último fim de semana, foi morto durante uma operação policial na noite desta quinta-feira (03/09), segundo fontes ligadas à investigação citadas pela imprensa dos EUA. Michael Forest Reinoehl, de 48 anos e autodeclarado integrante do movimento Antifa, foi morto a tiros em Lacey, perto de Seattle, durante a ação de agentes especializados na captura de fugitivos.
“O suspeito apresentou uma arma de fogo, ameaçando a vida de policiais“, disse um porta-voz do Serviço de Delegados dos EUA (U.S. Marshals) em comunicado. “Os membros da força-tarefa responderam à ameaça.”
Um agente federal disparou contra Reinoehl quando este “puxou uma arma“, disse uma fonte do Departamento de Justiça ao jornal americano Washington Post, que mencionou ainda que membros do FBI estiveram envolvidos na operação.
O gabinete do xerife do condado de Thurston, responsável pela investigação do incidente, confirmou que Reinoehl estava armado. “A informação que temos neste momento é que o suspeito estava armado“, disse o tenente Ray Brady. “Houve tiros disparados pela força-tarefa contra o veículo, e o suspeito fugiu a pé e tiros adicionais foram disparados.”
Reinoehl era suspeito de ter atirado duas vezes contra Aaron J. Danielson, de 39 anos, fez parte da caravana de apoiadores do presidente americano, Donald Trump, que viajaram para Portland e entraram em conflito com manifestantes que protestavam contra a injustiça racial e a brutalidade policial.
A multidão de simpatizantes de Trump se reuniu nos subúrbios de Portland. O plano era dirigir pelas vias expressas em centenas de veículos com bandeiras de apoio ao presidente, mas muitos foram ao centro, onde ocorriam manifestações antirracismo. Os grupos entraram em confronto. Os apoiadores de Trump atiraram com armas de paintball contra manifestantes. Houve brigas, segundo descrição do The New York Times.
Um vídeo divulgado por um pedestre que estava na cena mostra Danielson, que usava um boné do grupo de extrema direita Patriot Prayer, e Reinoehl juntos numa rua.
Outro vídeo da cena mostra uma pessoa gritando que Danielson estava pegando spray de pimenta. As imagens mostram que o apoiador de Trump usa o spray enquanto dois tiros são ouvidos e ele cai no chão.
Reinoehl: “Não tive escolha! Eu tenho a certeza de que não matei um inocente.”
Um mandado de prisão havia sido expedido contra Reinoehl mais cedo na quinta-feira, horas depois de ter sido publicada na página online do Vice News uma entrevista em que o ativista aparentava admitir que atirou em Danielson ao dizer que “não teve escolha”.
Na entrevista, Reinoehl afirmou que agiu em legítima defesa e que pensava que Danielson ia matar a ele e a um amigo. “Não tive escolha. Quer dizer, eu tive uma escolha. Eu poderia ter ficado sentado e assistir a eles matando um amigo de cor. Mas não faria isso, eu não matei um inocente, Não tenho nada de que arrepender“, disse Reinoehl ao Vice News.
Reinoehl era presença constante em protestos em Portland, uma das cidades na qual têm ocorrido as maiores manifestações contra o racismo nos EUA, após a morte do afro-americano George Floyd, sufocado por agentes policiais, em maio, em Minneapolis.
Ao Vice News, Reinoehl explicou que atuou frequentemente como “segurança” nos protestos do movimento Black Lives Matter. No início de julho, ele foi detido por portar uma arma carregada durante uma manifestação, mas foi libertado. Nas redes sociais, ele afirmava que os conflitos estavam se tornando uma guerra e que “haveria baixas“.
“Sou 100% Antifa até o fim“, publicou o ativista em sua conta no Instagram em junho. Reinoehl se referia ao movimento de ativistas que se opõem a grupos por eles identificados como fascistas ou racistas. “Quero lutar por meus irmãos e irmãs! Mesmo que alguns deles sejam ignorantes demais para entender o que significa antifa. Não queremos violência, mas não vamos fugir dela.”
Portland tem presenciado confrontos crescentes entre grupos de direita e de esquerda nas últimas semanas, na sequência de quase 100 dias de protestos desde que um policial branco se ajoelhou no pescoço de Floyd e causou a morte do homem negro, em 25 de maio.