Na última terça-feira, 8, o prefeito de New York Bill de Blasio anunciou um plano para ampliar o acesso de 600 mil nova-iorquinos sem seguro de saúde – metade deles imigrantes ilegais – à rede municipal de hospitais e clínicas de saúde básica. Com isso, ele quer garantir que todos os nova-iorquinos tenham acesso a serviços de saúde, independentemente de renda ou status imigratório.
O plano, que vai se chamar NYC Care, vai custar US$ 100 milhões. O complexo sistema de saúde nos Estados Unidos não funciona como os sistemas universais do Brasil ou de vários países europeus, em que uma rede de clínicas, hospitais e serviços são financiados integralmente pelo governo. Os americanos são obrigados a ter seguros de saúde, que podem ser subsidiados pelos empregadores ou pagos do próprio bolso.
Existem serviços públicos específicos para populações vulneráveis como aposentados, crianças, veteranos e pessoas abaixo da linha da pobreza, mas estes serviços, bem como o Obamacare, estão disponíveis apenas para cidadãos americanos ou residentes legalizados. Já NY tem um sistema municipal de saúde, composto por 11 hospitais públicos e 70 clínicas, todos gratuitos, e um plano de saúde de baixo custo, que opera dentro do Obamacare.
Em uma primeira fase, a prefeitura pretende fazer isso promovendo o plano de saúde municipal, chamado Metroplus, cujos preços mensais dependem da renda do morador, podendo até sair de graça. Mas o Metroplus só está disponível a cidadãos americanos e residentes com visto em dia, o que excluiria os imigrantes ilegais.
A segunda fase se destina a quem não pode ou não quer ter um plano de saúde. O sistema vai cadastrar os interessados, que não precisam apresentar documentos que comprovem status imigratório, para em seguida designar um clínico geral para cada usuário e facilitar o agendamento de consultas, que serão pagas de acordo com as possibilidades financeiras de cada um. Haverá também um serviço telefônico gratuito 24 horas por dia.
Cuidados de saúde mental e tratamento de abuso de drogas e álcool também estão incluídos na iniciativa. O programa deve começar em agosto no distrito do Bronx e se estender a toda cidade até 2021. O modelo do NYC Care não é inédito. Ele foi inspirado em uma iniciativa existente em San Francisco desde 2007, que foi muito elogiada pelos seus resultados.
Um estudo de 2011 mostrou que 75% dos participantes foram ao médico nos 12 meses seguintes à sua entrada no programa, e os números de idas ao pronto-socorro e internações evitáveis também caíram consideravelmente. O idealizador do programa californiano, Mitchell Katz, é atualmente o chefe da rede de hospitais públicos de NY.