Da Redação (Com AFP & RETUTERS) – O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse ontem que aguardará a resolução das “questões jurídicas” das eleições presidenciais dos Estados Unidos para estabelecer sua posição e garantiu que mantém uma relação muito boa “com os dois candidatos“.
Joe Biden foi apontado novo presidente, derrotando Donald Trump. “Não queremos ser imprudentes, não queremos agir levianamente e queremos respeitar a autodeterminação dos povos“, disse o presidente a jornalistas, horas depois de a mídia norte-americana declarar vencedor o candidato democrata Joe Biden, enquanto Donald Trump, que disputava reeleição, se recusa a reconhecer a derrota.
“Essa retórica antimexicana de Trump é muito desagradável, mas na verdade houve acordos importantes. A relação com os democratas sempre foi fria e uma distância maior poderia ser esperada de Biden“, disse à AFP Miguel Ángel Jiménez, analista do Conselho de Justiça mexicano de Assuntos Internacionais (COMEXI).
Para Jiménez, a reação de López Obrador confirma sua proximidade com Trump e sua preocupação com as semanas que restam para ele deixar na Casa Branca. Historicamente, o México conquistou mais com os republicanos, como a anistia à imigração concedida por Ronald Reagan ou o acordo de livre comércio (Nafta) que George Bush pai negociou e foi assinado, com resistência, pelo democrata Bill Clinton em 1994, lembra Jiménez.
Migração restringida
A política de migração, outra questão bilateral urgente, veria poucas mudanças. Mesmo que Biden cancele a construção do prometido muro de fronteira de Trump, as duras restrições contra a migração ilegal continuarão, estima Dolores Paris Pombo, especialista em migração do Colegio de la Frontera Norte em Tijuana (noroeste).
Paris Pombo lembra que desde 1996 leis foram aprovadas criminalizando a imigração ilegal e os democratas as aplicaram. “As administrações de Barack Obama foram mais duras no número de deportações, mas sem a ressonância da mídia ou os níveis de crueldade de Trump“, diz ele. Ele acrescenta que, para evitar o confronto com Trump, López Obrador fez concessões “questionáveis“, como aceitar que os requerentes de asilo nos Estados Unidos esperem no México por suas resoluções ou que os militares tenham autonomia para conter os fluxos migratórios. Quando “muito“, Paris estima que Biden vai restabelecer o programa DACA, que beneficia migrantes que chegaram quando crianças – 79% de origem mexicana – e que Trump suspendeu.
Brasil
Israel, Reino Unido, França, Argentina, Chile e Canadá são alguns dos países que se pronunciaram sobre a vitória do democrata.
Nem o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido), nem outros órgãos do governo brasileiro se manifestaram até o momento – mas, de acordo com o colunista Josias de Souza -, Bolsonaro mostrou irritação com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, parabenizando o presidente eleito dos EUA.